Relatório indica que ataques dos taliban duplicaram depois de acordo com EUA

Desde Dezembro de 2019 que não eram publicados números relativos a ataques dos taliban pelo Gabinete do inspector-geral especial para a reconstrução do Afeganistão (Sigar), que refere “a tendência geral é claramente contra o Governo afegão” que, se não a inverter, pode cair.

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Segundo o relatório, os “ataques iniciados pelos inimigos”, atribuídos principalmente aos taliban, aumentaram em 2020 GHULAMULLAH HABIBI/EPA

Os ataques dos taliban contra o Governo afegão aumentaram desde a assinatura do acordo entre os Estados Unidos e os rebeldes, em Fevereiro de 2020, indicou esta quinta-feira um relatório oficial norte-americano.

Os “ataques iniciados pelos inimigos”, atribuídos principalmente aos taliban, passaram de 9651 no final de 2019 para 13.242 no final de 2020, disse o Gabinete do inspector-geral especial para a reconstrução do Afeganistão (Sigar), citando dados da missão da NATO no Afeganistão. Esta é a primeira vez, desde Dezembro de 2019, que o Sigar publica números relativos a estes ataques.

Entre 1 de Março e 31 de Maio, quando os últimos dados foram recolhidos pela missão da NATO no Afeganistão “Resolute Support”, antes da retirada da maioria das forças da coligação, foram registados 10383 ataques, dos quais 3268 causaram baixas, de acordo com o Sigar.

A pedido do governo de Cabul, o inspector-geral não publica o número de baixas no exército, que integra cerca de 300 mil indivíduos.

A missão da NATO indicou que a violência contra civis atingiu novos recordes em Abril e Maio, com 705 civis mortos e 1330 feridos, um número idêntico ao registado nos três meses anteriores em conjunto.

O relatório atribui 93% das baixas civis nos últimos meses às forças antigovernamentais, 40% aos rebeldes taliban, 38% a rebeldes não identificados, 14% ao grupo fundamentalista Daesh e menos de 1% à rede Haqqani (ligada aos taliban).

O documento assinala que os taliban controlam um grande número de distritos nas zonas rurais, embora não controlem as grandes cidades. “A tendência geral é claramente contra o Governo afegão” que, se não a inverter, pode cair, diz o inspector-geral, John Sopko, citado no relatório.

"Mais preocupante é a rapidez e a facilidade com que os taliban assumiram aparentemente o controlo de distritos no Norte do país, um antigo reduto da oposição” ao movimento, acrescentou.

O recente avanço dos taliban fez temer que pudessem voltar a tomar o poder, 20 anos depois de terem sido expulsos, no final de 2001, por uma coligação internacional liderada pelos Estados Unidos, na sequência da recusa de entregarem o antigo líder da Al-Qaeda Osama bin Laden, após os ataques de 11 de Setembro.

No domingo, em Cabul, o chefe das operações dos EUA no Afeganistão, general Kenneth McKenzie, advertiu que os EUA vão manter os ataques aéreos contra os taliban, se estes continuarem a ofensiva.

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