Nova vaga da pandemia não abala confiança da Fed na retoma

Embora continuando a prometer prudência na retirada dos estímulos que dá à economia, a Reserva Federal norte-americana voltou a dar sinais de está cada vez mais satisfeita com a evolução da economia e do emprego nos EUA.

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Jerome Powell, presidente da Reserva Federal norte-americana Reuters/KEVIN LAMARQUE

O aumento de casos de covid-19 nos EUA trazido pelo reforço da variante Delta no país não deverá travar a retoma da economia e do mercado de trabalho nos EUA, defenderam esta quarta-feira os responsáveis da Reserva Federal norte-americana (Fed), reforçando as expectativas de que a retirada das medidas de estímulo monetário possa estar a aproximar-se. Jerome Powell, contudo, continuou a garantir que uma saída da Fed de cena será sempre feita de forma prudente.

Como é hábito sempre que há uma reunião do comité que define a política monetária, os olhos dos mercados financeiros internacionais estavam postos esta quarta-feira naquilo que a Fed iria fazer e o seu presidente dizer. Particularmente importante era saber se, na autoridade monetária norte-americana, a recente subida no número de casos de covid tinha provocado uma preocupação em relação à evolução da economia que adiasse a retirada das medidas de estímulo actualmente em vigor.

A resposta, dada no comunicado pós-reunião e na conferência de imprensa de Jerome Powell, foi de que, para já, não. O presidente da Fed, embora reconhecendo que o mais provável é que a progressão da variante Delta tenha consequências negativas na evolução da pandemia, assinalou que estes reveses a nível sanitário têm vindo a ter consequências cada vez mais moderadas a nível económico.

Por isso, defendeu, a confiança numa retoma rápida da economia mantém-se, alicerçada nos progressos registados ao nível da vacinação e e na ajuda que está a ser dada pelas políticas orçamental e monetária nos EUA.

Quando se referiu para os dois objectivos que a autoridade monetária tem de cumprir – a estabilidade de preços e um nível de emprego elevado – o presidente da Fed também não revelou grandes alterações de opinião relativamente à reunião de Junho, aquela em que a Reserva Federal passou a admitir que está agora a debater de que forma e quando é que irá começar a retirar as suas medidas de estímulo.

Jerome Powell repetiu que, embora a subida actual da taxa de inflação se deva essencialmente a factores de carácter temporário, será preciso verificar se não se torna mais persistente. E mostrou-se confiante que, tendo em conta o actual cenário no mercado de trabalho, a economia irá continuar a gerar, nos próximos dois anos, o número de empregos necessário para que os objectivos da Fed sejam cumpridos.

Este tipo de afirmações levam a concluir que o debate em torno da retirada de estímulos por parte da Reserva Federal é para continuar, não sendo travado pela nova vaga da pandemia. Jerome Powell afirmou que, no final da próxima reunião, em Setembro, o pensamento da Fed sobre este assunto será tornado “mais claro”. 

Ainda assim, para evitar que se desenvolva a ideia de que a inversão de política é para ser feita de forma rápida e brusca, o presidente da Fed não se cansou de repetir a promessa de que a autoridade monetária irá agir sempre com grande prudência e reavaliando a cada passo a evolução dos dados económicos. 

Tal como nos EUA, também na zona euro, o debate do momento ao nível da política monetária é sobre o momento em que o Banco Central Europeu irá começar a retirar as suas medidas de estímulo. Neste caso, contudo, tendo em conta que o ritmo de retoma é mais baixo e a taxa de inflação também mais moderada, a prudência revelada pelo BCE é ainda maior do que a da Fed. Embora sem unanimidade, o conselho de governadores liderado por Christine Lagarde optou mesmo, embora sem unanimidade, por prometer, na reunião realizada na semana passada, um período ainda mais longo de taxas de juro baixas e de compras de dívida pública na zona euro.

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