A queda de uma estrela chamada Ledecky e o nascimento de outra de nome Titmus

A nadadora norte-americana terminou em quinto lugar a final dos 200m livres femininos.

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Titmus em acção na piscina olímpica Reuters/STEFAN WERMUTH

Os 200 metros livres foram nesta quarta-feira o “palco” de todas as histórias da quarta jornada de finais da natação de Tóquio 2020, com Katie Ledecky a terminar num impensável quinto lugar, no segundo título olímpico de Ariarne Titmus.

Aos 20 anos, a australiana é cada vez mais um caso sério na modalidade e, nesta quarta-feira, demonstrou que pode muito bem vir a ser uma das grandes figuras destes Jogos Olímpicos, ao conquistar o seu segundo ouro, com um novo recorde olímpico (1m53,50s).

Dois dias depois de destronar Ledecky nos 400m livres, Titmus voltou a dominar os 200m, tornando-se a terceira australiana a fazer a “dobradinha”, depois de Shane Gould (1972) e Ian Thorpe (2004).

“Estou completamente exausta. [...] Para ser sincera, não era o tempo que pensava que poderia fazer, mas são os Olímpicos e há muitas variáveis, por isso basta ganhar aqui. Estou muito feliz”, descreveu a agora bicampeã olímpica.

Mais surpreendente do que a vitória da nova rainha das piscinas foi o resultado da sua antecessora: naquela que foi apenas a sua segunda final individual perdida nas suas três participações olímpicas, a norte-americana não foi além do quinto lugar, a uns distantes 1,71 segundos.

Quem beneficiou do “naufrágio” de Ledecky - que haveria de “redimir-se” uma hora depois ao converter-se na primeira campeã olímpica dos 1500 metros, distância em estreia nestes Jogos - foi Siobhan Bernadette Haughey, medalhada de prata com um novo recorde da Ásia.

Depois de tornar-se, em 2019, a primeira nadadora de Hong Kong a disputar a final de um Mundial, nesta quarta-feira foi 42 centésimos mais lenta do que Titmus e bateu a canadiana Penny Oleksiak na luta pelo segundo lugar no pódio.

Com todos os olhos centrados no novo duelo entre Ledecky e Titmus - voltarão a encontrar-se nos 800m -, o recorde de Federica Pellegrini quase passou despercebido: a italiana, muito aplaudida à entrada para o Centro Aquático de Tóquio, entrou na história ao tornar-se na primeira nadadora a disputar uma quinta final olímpica na mesma distância, depois de Atenas 2004 (prata), Pequim 2008 (ouro), Londres 2012 (quinta) e Rio 2016 (quarta).

Aos 32 anos, a “Divina”, como é carinhosamente apelidada pelos seus compatriotas, foi apenas sétima na final, mas manteve intacto o seu estatuto de recordista mundial dos 200m livres - detém a melhor marca mundial desde que, em Julho de 2009, nadou em 1m52,98s.

200m estilos feminino

Num dia de “rainhas depostas”, a lenda húngara Katinka Hosszu prosseguiu o seu decepcionante desempenho em Tóquio 2020 com um longínquo sétimo posto nos 200m estilos, prova em que é recordista mundial e olímpica.

A tripla campeã olímpica e nove vezes campeã mundial viu Yui Ohashi reafirmar-se como sua sucessora nos estilos, já que a japonesa juntou hoje o título nos 200m ao dos 400m alcançado há três dias.

Ohashi, que garantiu, no domingo, o primeiro ouro na natação para a nação organizadora dos Jogos, cumpriu os 200m estilos em 2m08,52s, relegando as norte-americanas Alex Walsh, segunda a 13 centésimos, e Kate Douglass, terceira a 52, para os restantes lugares do pódio.

200m mariposa masculinos

Na única final individual masculina do dia, Kristof Milak deu uma alegria à Hungria, ao vencer os 200m mariposa, naquele que é o primeiro ouro olímpico do nadador de 21 anos.

Campeão do mundo em título, Milak não conseguiu esconder a sua decepção, apesar da vitória, por ter batido “apenas” o recorde olímpico que pertencia a Michael Phelps desde Pequim 2008, agora fixado nos 1m51,25s, mas não a sua melhor marca mundial (1m50,73s).

Ao seu lado no pódio, o húngaro teve o japonês Tomoru Honda, prata a 2,48 segundos, e o italiano Federico Burdisso, bronze a 3,20s.

Estafeta 4x200m livres masculina

Já depois de Ledecky, à terceira tentativa, ganhar o primeiro dos cinco ouros a que aspirava, nos 1.500 metros livres, diante da compatriota Erica Sullivan e da alemã Sarah Kohler, com o inevitável recorde olímpico (15m37,34s), saltaram para a piscina as estafetas dos 4x200 livres, com a Grã Bretanha a chegar ao ouro.

Tom Dean, campeão dos 200m livres, e o seu “vice, Duncan Scott, lideraram a estafeta britânica, composta ainda por James Guy e Matthew Richards, que venceu com o tempo de 6m58,58s, com o Comité Olímpico da Rússia e a Austrália a conquistarem, respectivamente, a prata e o bronze, e a deixaram surpreendentemente os Estados Unidos fora do pódio.

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