Ferro aponta o dedo a jovens resistentes à vacinação. “Têm mesmo de mudar de atitude”

É na faixa etária mais activa que, neste momento, se identifica a maior resistência à vacinação contra a covid-19. O presidente da Assembleia da República elogiou vacinação e disse esperar que os mais jovens mudem de atitude.

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Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República Rui Gaudencio

No grupo etário entre os 26 e os 45 anos, 25% das pessoas de entre os não vacinados são resistentes à toma da vacina contra a covid-19. Os dados foram revelados na reunião do Infarmed desta terça-feira por Carla Nunes, da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa (ENSP), que frisou que “é na faixa etária mais activa que, neste momento, se identifica a maior resistência” à vacinação. Eduardo Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República, não deixou de salientar que espera que os mais jovens mudem de atitude. 

A professora da ENSP explicou que quanto aos motivos enunciados para não quererem ser vacinados, num total de sete hipóteses disponíveis, os dois mais apontados foram os seguintes: “sente que não tem informação suficiente” (57%) ou “tem receio de desenvolver efeitos secundários (50%).

Falando logo a seguir ao Presidente da República, Ferro Rodrigues elogiou o processo de vacinação e defendeu a necessidade de usar o certificado digital “na transição” e em áreas fundamentais na hotelaria, a restauração, o comércio e o desporto para o regresso à normalidade. 

“É necessário que a vacinação valha essa diferença para um conjunto de possibilidades no regresso à normalidade”, disse. “As pessoas devem ter essas possibilidades porque se vacinaram”, referiu, desafiando os que não querem ser vacinados (incluindo 25% dos mais jovens), dizendo que “têm mesmo que mudar de atitude”.

“Alguns milhões de pessoas já têm essa certificação e parece-me que nesta fase de transição, em que vamos entrar com alguma abertura e algum cuidado, é necessário que essa certificação valha para muito, sobretudo em áreas fundamentais que têm a ver com o mês de Agosto, como a hotelaria, restauração, comércio ou desporto”, apontou.

As conclusões do estudo da ENSP revelam ainda que uma em cada quatro pessoas não vacinadas entre os 26 e os 65 anos mostrou resistência a tomar a vacina contra a covid-19 e os motivos mais apresentados são a falta de eficácia, o medo de efeitos secundários e a necessidade de mais informação. 

Os valores relativos à percepção social sobre a pandemia indicam uma percentagem de 13% de resistência nos maiores de 65 anos no inquérito feito pelos especialistas.

Já no que toca à intenção de tomar a vacina contra a covid-19, Carla Nunes referiu que no grupo de pessoas dos 26 aos 45 anos há 25% de resistentes à toma da vacina. “Portanto, é na faixa etária mais activa que, neste momento, se identifica a maior resistência.” Quanto aos motivos, num total de sete hipóteses disponíveis, os dois mais apontados foram o sentimento “que não tem informação suficiente” (57%) ou “tem receio de desenvolver efeitos secundários (50%).

Outras das razões apresentadas para a resistência relativamente às vacinas são a existência de doenças que não permitiram ainda a vacinação, considerarem que as vacinas não foram suficientemente testadas e não terem conseguido falar com o médico para apoiar a decisão.

Quanto à percepção de risco de doença avançada por covid-19, Carla Nunes disse que os mais velhos apresentam valores mais elevados, com uma percentagem de 60,9%.

No que se refere à saúde mental, adiantou que as perguntas relativas ao estado de ansiedade e/ou tristeza por causa das medidas de confinamento revelaram que os mais novos apresentam maiores valores, com cerca de 30% a dizerem que se sentiram ansiosos ou tristes todos os dias ou quase todos os dias. Os maiores de 65 anos apresentaram valores de 11%.

Sobre quando consideram que serão levantadas todas as restrições por causa da pandemia, a grande maioria considera que deverá ser em Dezembro ou para lá dessa data.

Quanto à adequação das medidas de restrição, 47% consideram-nas pouco ou nada adequadas, um valor que vem aumentando desde o ano passado e que se faz sentir sobretudo nos homens e nos mais jovens.

No que se refere à facilidade de adopção das medidas definidas pelas autoridades, tem crescido o grupo do que as consideram difíceis e muito difíceis de adoptar e são os mais jovens que apresentam maiores dificuldades.

Segundo a especialista, 31,4 das pessoas referem ser difícil ou muito difícil manter o distanciamento, 16,8% dizem ser difícil o uso da máscara (com os de idade entre 26 e 45 a manifestar maior dificuldade).

A lavagem de mãos apresenta uma dificuldade residual, sempre menor de 10% nas diferentes faixas etárias.

Já quanto à facilidade de evitar confraternizar com amigos e familiares, a maior dificuldade é apontada pelos mais novos.

Notícia actualizada às 17h15 de 3 de Julho de 2021 com a referência de que se trata de uma em cada quatro pessoas de entre os não vacinados que são resistentes à vacina.

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