Inverno trará nova onda “pequena”. “É fundamental a vacinação das crianças”

É a previsão do especialista Henrique Barros, que espera que o aumento de casos tenha pouco reflexo nos internamentos. “Se não vacinarmos as crianças, vamos ter um pico inequívoco de casos, portanto está nas nossas mãos resolver o problema”.

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Henrique Barros Manuel Roberto

Ainda que não seja fácil prever o que se vai passar no Inverno, tal como no início do ano foi difícil antecipar a situação epidemiológica em Setembro, Henrique Barros, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), arriscou fazê-lo na reunião entre peritos e políticos no Infarmed, esta terça-feira: com a chegada do frio e considerando 70% da população adulta vacinada, podemos esperar “uma nova onda pequena com pouco relevo nos internamentos e nas mortes”. É “fundamental” vacinar crianças, apelou.

O investigador começou por lembrar que o ISPUP tinha previsto “casos residuais” para Setembro no país, mas que esse cenário não tinha em conta o que se passou em Maio: a ascensão da variante Delta, mais contagiosa, e “uma clara modificação dos nossos comportamentos”.

Apesar disso, tendo em conta o facto de a vacinação ter agora chegado ao nível das projecções que tinham sido feitas no início do ano, o modelo revisto “dá-nos alguma tranquilidade para o período do Outono”, mesmo considerando o “impacto eventual” do aumento da mobilidade provocado pelo novo ano lectivo.

No entanto, o Inverno traz outras variáveis, nomeadamente “a queda das temperaturas mínimas”. “Por cada diminuição de cinco graus Celsius nas temperaturas mínimas médias, haverá um aumento de cerca de 30% no número de casos”, referiu. “Temos de estar atentos a essa ocorrência que vai seguramente reaparecer se voltarmos a encontrar essas variações de temperatura”.

“Podemos prever um Inverno em que, mesmo com pouco mais de 50% das pessoas verdadeiramente defendidas pela sua imunidade, a vida se pode aproximar muito daquilo que era antes. Podemos até, com a experiência que temos, evitar problemas que havia antes da pandemia”, diz Henrique Barros. Para isso, há um factor “fundamental": a vacinação das crianças.

“É fundamental a vacinação das crianças. As vacinas de mRNA já estão aprovadas para utilização dos 12 aos 18 anos de idade. Se não vacinarmos as crianças, vamos ter um pico inequívoco de casos, portanto está nas nossas mãos resolver o problema”, refere o investigador do ISPUP, que defende a manutenção de medidas individuais não farmacológicas.

“As pessoas com sintomas não devem estar nos locais de trabalho e de convívio. Manter as medidas como a lavagem das mãos, algum cuidado com a distância e a utilização de máscara em situações de contacto próximo”, acrescentou.

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