Cardeal Becciu nega crimes financeiros na primeira sessão do julgamento no Vaticano

“Estou confiante de que os juízes verão os factos com clareza e a minha grande esperança é que reconheçam a minha inocência”, disse o cardeal, acusado de peculato e abuso de poder.

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Primeira sessão do julgamento do cardeal Angelo Becciu e de outros nove réus, que prosseguirá em Outubro Reuters/VATICAN MEDIA

O cardeal Angelo Becciu, antigo alto funcionário da Secretaria de Estado do Vaticano, defendeu esta terça-feira a sua “inocência” e negou as acusações de peculato e abuso de poder após a primeira audiência do julgamento por alegadas irregularidades na compra de um edifício em Londres.

"Estou calmo e sereno. Estou confiante de que os juízes verão os factos com clareza e a minha grande esperança é que reconheçam a minha inocência”, disse o cardeal, citado pelo seu advogado, Fábio Viglione, após a audiência inaugural do histórico julgamento.

O cardeal Becciu, que o Papa Francisco afastou do seu posto de prefeito da Congregação para as Causas dos Santos em Setembro do ano passado e o destituiu dos seus direitos no Colégio Cardinalício pelo seu suposto envolvimento no caso, está confiante de que “a contribuição das numerosas provas e testemunhos chegarão para provar a sua inocência “de qualquer acusação”.

No julgamento, que continuará a 5 de Outubro, outras nove pessoas estão indiciadas por crimes como peculato, lavagem de dinheiro, fraude e abuso de poder pela compra irregular de um edifício em Londres, que provocou um rombo de 350 milhões de euros nas contas do Vaticano. Entre elas, está o advogado suíço René Bruelhart, antigo presidente da Autoridade de Vigilância e Informação Financeira do Vaticano, e dois corretores de bolsa, Gianluigi Torzi e Raffaele Mincione, envolvidos na aquisição parcial de um edifício comercial e residencial no bairro londrino de South Kensington.

O procurador do Vaticano, Gian Piero Milano, iniciou a sua investigação em 2019, detectando “indícios graves” de corrupção no investimento imobiliário na capital britânica, efectuado em 2014. À época, Becciu era o responsável por este tipo de operações, já que ocupava o cargo de vice-secretário de Estado para Assuntos Gerais, posição que deixou em 2018 após ser nomeado pelo Papa Francisco como prefeito da Congregação para as Causas dos Santos.

É a primeira vez que a justiça do Vaticano coloca um membro do Colégio Cardinalício no banco dos réus, depois do Papa ter revogado, em Abril, a lei que impedia os cardeais da Cúria Romana de serem julgados por um tribunal comum.

 
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