Miradouro da Graça com vistas curtas durante ano e meio

Arrancou a construção do funicular que ligará a Mouraria à Graça para facilitar a subida da colina. Uma estrutura medieval única no país, que ali foi descoberta, será integralmente preservada, garante a EMEL.

camara-lisboa,patrimonio,local,emel,lisboa,arqueologia,
Fotogaleria
Daniel Rocha
camara-lisboa,patrimonio,local,emel,lisboa,arqueologia,
Fotogaleria
Daniel Rocha
camara-lisboa,patrimonio,local,emel,lisboa,arqueologia,
Fotogaleria
Daniel Rocha
camara-lisboa,patrimonio,local,emel,lisboa,arqueologia,
Fotogaleria
Daniel Rocha

Subir à Graça para olhar Lisboa de cima pode ser um esforço inglório nos dias que correm. O miradouro está entaipado quase totalmente desde há algumas semanas e sobram poucos metros junto à esplanada de onde se pode admirar a vista sobre a cidade antiga.

É a segunda vez que tal acontece nos últimos cinco anos e o motivo é o mesmo: começaram as obras de construção do funicular que ligará a Mouraria à Graça. Depois da falsa partida, em 2016, a Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa (EMEL), responsável pelos trabalhos, espera agora tê-los terminados em Dezembro de 2022. Durante o próximo ano e meio a Senhora do Monte será o miradouro mais desafogado das redondezas.

O funicular da Graça é um dos vários equipamentos que integram o Plano Geral de Acessibilidades Suaves e Assistidas à Colina do Castelo, lançado pela Câmara de Lisboa em 2009, do qual também fazem parte as escadas rolantes nas Escadinhas da Saúde, o recém-inaugurado elevador entre o Campo das Cebolas e a Sé e os elevadores que existem na Baixa e em Alfama.

Quando estiver a funcionar, o ascensor ligará a Rua dos Lagares, na Mouraria, ao Miradouro Sophia de Mello Breyner Andresen, em frente à Igreja da Graça, vencendo assim o acentuado desnível da colina.

A empreitada começou em 2016 com escavações arqueológicas que puseram a descoberto o alambor da Cerca Fernandina – uma rampa inclinada construída na base da muralha com o objectivo de dificultar as acções militares inimigas. Na opinião de Mário Barroca, especialista em História medieval chamado a pronunciar-se pela Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC), tratou-se de “um acontecimento extraordinário”, dado que esta foi a primeira vez que um alambor construído em taipa foi identificado em Portugal.

O achado motivou uma primeira revisão do projecto do funicular, do arquitecto João Favila Menezes, que foi aprovada pela DGPC contemplando a destruição parcial do alambor. Decorridos quatro anos desde esse momento, a EMEL garante ao PÚBLICO que “o alambor voltou a ser enterrado, encontrando-se no subsolo no estado em que foi encontrado” e que “o projecto foi reformulado na zona envolvente de forma a preservá-lo devidamente e a não provocar qualquer alteração”.

O PÚBLICO questionou sobre este assunto a DGPC, que não respondeu em tempo útil. 

A versão final do projecto já está concluída há algum tempo, mas o concurso público de empreitada lançado pela EMEL demorou a ser concluído devido à impugnação judicial tentada por um dos concorrentes. A obra foi adjudicada em Fevereiro deste ano, por 5,3 milhões de euros, à construtora Oliveiras.

Sugerir correcção
Comentar