EUA voltam a perder nos Jogos 17 anos depois

Após ter batido os norte-americanos no Mundial de 2019, a França vergou mais uma vez o poderoso adversário nos Jogos de Tóquio.

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A França impôs-se aos EUA EPA/MICHAEL REYNOLDS

Desde que as estrelas da NBA foram autorizadas a participar nos Jogos Olímpicos, em 1992, os Estados Unidos passaram a ser um adversário praticamente imbatível na competição de basquetebol masculino. A única excepção ocorrera em 2004 em Atenas, quando falharam o ouro pela primeira vez. Este domingo, em Tóquio, a selecção americana voltou a perder, agora frente à França, por 83-76, encerrando um ciclo de 25 triunfos consecutivos.

As indicações de que o abismo competitivo entre os EUA e o resto do mundo estará a diminuir já se pressentiam há dois anos, quando a mesma França batera os americanos (89-79) nos quartos-de-final do Mundial 2019.

Mesmo assim, nada faria prever este desfecho ao intervalo da partida disputada no Saitama Super Arena, na região de Tóquio, quando os americanos venciam por oito pontos de diferença (45-37). A resposta da França surgiu no terceiro período (25-11), quando se colocou na frente do marcador, que voltaria a ceder ao adversário por breves instantes, mantendo a serenidade para recuperar definitivamente o comando.

“Fizemos um jogo sólido”, sublinhou Vincent Collet, técnico dos franceses, no final do encontro, sublinhando em particular o desempenho de Evan Fournier, que alinha na NBA ao serviço dos Boston Celtics, a grande figura da sua equipa, com 28 pontos somados. “Não sou de grandes palavras, mas ele acertou alguns cestos muito difíceis e decisivos, cestos que mais ninguém teria convertido”, elogiou.

Mau humor

Collet quer agora acalmar os ânimos, alertando para as dificuldades que a equipa irá enfrentar na segunda ronda frente à República Checa, na quarta-feira.

“O segundo jogo será muito diferente e muito difícil. Já repito isto há uma semana. Mesmo que vencêssemos [os EUA], o jogo mais importante seria contra os checos”, reforçou. “Temos de nos acalmar, voltar rapidamente [ao trabalho], mesmo que não seja fácil depois de uma estreia como esta.”

Já Gregg Popovich, treinador dos EUA, não escondeu o mau humor, recusando qualificar como “surpresa” este resultado. “Essa palavra quase que desrespeita a equipa francesa, como se fosse nossa obrigação vencê-los por 30 pontos. Têm uma selecção muito boa”, defendeu.

Os sinais de que estes Jogos poderiam ser bastante complicados para os americanos – que conquistaram o ouro nos últimos três torneios – surgiram logo no final de Junho, quando anunciaram os 12 atletas escolhidos para os Jogos de Tóquio. Bradley Beal, jogador dos Washington Wizards e uma das estrelas da temporada da NBA, acabaria removido da lista, já a 15 de Julho, após ter testado positivo ao covid-19.

Um dia depois, a equipa perdeu também Kevin Love (Cleveland Cavaliers), devido a lesão. Por outro lado, Devin Booker, Khris Middleton e Jrue Holiday, que disputaram as finais da NBA, juntaram-se muito tarde à selecção, não alinhando nos dois jogos de preparação em Las Vegas, onde os EUA desiludiram com derrotas frente à Nigéria e Austrália.

Apesar de todas estas contrariedades e da derrota na estreia, os americanos continuam a ser apontados como os favoritos ao triunfo. Até porque, com a mão-de-obra da NBA, só falharam o ouro na já referida edição de 2004.

Na altura, com um elenco de sonho que incluía Allen Iverson, Tim Duncan e os ainda jovens LeBron James, Dwyane Wade e Carmelo Anthony, os EUA foram humilhados na estreia por Porto Rico (93-72). E voltariam a perder nas meias-finais frente à Argentina (89-81), acabando por contentar-se com a medalha de bronze. Uma grande desilusão para os seus padrões.

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