Mitos na resposta militar do regime em 1961: para Angola rapidamente e em força!

É fundamental perceber-se que, ao contrário do que parece ser hoje moda dizer-se, nas colónias portuguesas, como noutras, por regra, os contingentes militares, sobretudo metropolitanos, eram reduzidos. E a última coisa que um governador colonial queria era violência armada no “seu” território, por razões pragmáticas: podia custar-lhe o lugar e um corpo militar expedicionário tinha custos elevados com que ninguém queria arcar.

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Salazar e Franco Nogueira, que assume a pasta dos Negócios Estrangeiros a 16 de Abril de 1961, poucos dias depois do fracasso do golpe de Botelho Moniz, ministro da Defesa Daniel Rocha

Com as palavras “andar rapidamente e em força” na defesa de Angola, António de Oliveira Salazar, no serão do dia 13 de Abril de 1961, em declarações transmitidas na rádio e na TV públicas, quis deixar uma mensagem política clara. Haveria uma reação militar eficaz do governo português ao sangrento levantamento armado iniciado no norte de Angola, quase um mês antes, a 15 de março de 1961. Este fora da responsabilidade da organização independentista liderada por Holden Roberto, a União dos Povos de Angola (UPA), sobretudo com membros de etnia bacongo, que predominava no norte de Angola e em regiões adjacentes do Congo ex-belga, e que se tinha tornado independente em 30 junho de 1960. Os reforços significativos prometidos por Salazar permitiram a campanha de reocupação das partes do norte de Angola controladas pela UPA, que teve como marco a tomada de Nambuangongo, em Agosto de 1961. Seguir-se-ia uma guerra de guerrilha, tipicamente prolongada, com o desfecho conhecido.

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