Líder do PAIGC impedido de embarcar num avião em Bissau

Domingos Simões Pereira denuncia aquilo a que considera ser uma ordem “cobarde” que restringe as suas liberdades fundamentais.

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Domingos Simões Pereira não obteve explicação para o facto de ser impedido de viajar, JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA

Domingos Simões Pereira foi esta sexta-feira proibido de viajar para Portugal no voo da EuroAtlantic por “ordem superior”. O líder do PAIGC, o maior partido da Guiné-Bissau, barrado no aeroporto, denunciou o que considera ser uma ordem “cobarde” de restrição da sua liberdade.

“Quero aqui à frente do departamento de migração do aeroporto denunciar esta situação grosseira de restrição das liberdades fundamentais de um cidadão”, afirmou o líder do PAIGC, em declarações aos jornalistas no aeroporto, onde se deslocou para saber precisamente as razões pelas quais não podia embarcar.

Segundo Domingos Simões Pereira, o departamento de migração não apresentou qualquer documento e evoca a “existência de uma ordem superior” que o impede de viajar, sem qualquer explicação sobre os “fundamentos legais”.

“Portanto, sabemos que é absolutamente ilegal a cobardia das pessoas que o fazem. Pelo menos que me enfrentem e digam, ‘nós estamos a restringir a tua liberdade porque temos força para o fazer e porque o decidimos fazer'”, afirmou.

“Mas são tão cobardes, que ficam nos seus espaços fingindo que estão ocupados com os seus dossiers tão importantes, dão ordens que não têm qualquer fundamentação legal e jurídica e o departamento da migração comunica que são ordens superiores que me impedem de viajar”, sublinhou.

O líder do PAIGC afirmou também aos jornalistas que vai apresentar queixa e responsabilizar “não só quem executa, mas quem manda executar”.

Segundo Domingos Simões Pereira, “o mundo vai saber o tipo de regime que se quer instalar neste país”, salientando que “o regime é arbitrário e ditatorial, mas amador”.

“Vamos ser livres, se tivermos coragem de ser livres. A mim ninguém me dá ordens que não correspondem à lei, porque isto é absolutamente arbitrário”, disse.

“Enquanto não tivermos essa capacidade, essa determinação, de dizer que ninguém pode restringir as nossas liberdades, vamos continuar a ser tratados como cordeiros - a mim ninguém me trata como cordeiro”, afirmou.

Contactada pela imprensa, a secretaria de Estado da Ordem Pública disse não ter conhecimento do assunto, remetendo declarações para mais tarde.

O empresário guineense Veríssimo Nancassa, próximo do PAIGC, também foi impedido de viajar em Junho por “ordens superiores”. Nessa altura a imprensa guineense noticiou a existência de uma lista de pessoas impedidas de viajar.

Na altura, as autoridades guineenses, nomeadamente o Ministério do Interior, disseram desconhecer totalmente a existência de qualquer lista.

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