Investigador alerta para poucos estudos sobre alterações climáticas e o vinho do Douro

De 1186 trabalhos de investigação sobre a vinha e as alterações climáticas realizados entre 2015 e 2021, “apenas 2%” estudam a Região Demarcada do Douro.

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Douro vinhateiro Anna Costa

Existem “pouquíssimos” trabalhos de investigação na Região Demarcada do Douro (RDD) sobre os efeitos das alterações climáticas e o vinho, alertou um investigador do Departamento de Turismo, Património e Cultura da Universidade Portucalense, no Porto.

“São pouquíssimos os trabalhos que tratam as alterações climáticas na região Douro e é importante estarmos atentos, até porque o aumento da temperatura em dois graus Celsius produzirá uma redução de 56% da produção e, um aumento de quatro graus Celsius, uma redução de 86%”, afirmou na terça-feira Plínio de Souza Soares durante o Congresso Douro & Porto 2021, organizado pelo Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP).

Na sessão dedicada ao “Vinho e Futuro”, o investigador apresentou os resultados do estado da arte dos últimos seis anos de investigação sobre as alterações climáticas e o vinho. A investigação, que partiu da análise de duas bases de dados (Scopus e Web of Science), encontrou 1186 trabalhos de investigação sobre a vinha e as alterações climáticas realizados entre 2015 e 2021.

“Espanha e Itália são os países onde são mais desenvolvidos os trabalhos e Portugal aparece em 6.º lugar”, afirmou Plínio de Souza Soares.

De acordo com o investigador, “apenas 2% do total de trabalhos” analisados estudam a Região Demarcada do Douro (RDD) e “nem todos abordam a questão das alterações climáticas”. “Não foi possível perceber porque é que no Douro são poucas as investigações, nem ficou claro porque é que em Portugal o tema é pouco abordado. Parece que os trabalhos dão mais valor às vinhas de Itália, Espanha e Estados Unidos da América (EUA)”, afirmou.

O Congresso Douro & Porto 2021 iniciou-se segunda-feira e decorre em formato híbrido até 22 de Julho. Sob o lema “Memória e Futuro”, o congresso vai passar por uma “revisitação” à história, sociologia, direito, vitivinicultura, enologia e economia da região, mas “com os olhos postos no futuro”, abordando também questões como a biodiversidade, as alterações climáticas, sustentabilidade, desafios tecnológicos e transformação digital.

“Toda esta vitalidade vai ser debatida e projectada para um futuro que queremos ainda mais risonho. Queremos que a região tenha mais sucesso no futuro do que teve no passado”, afirmou, em declarações à Lusa no sábado, Gilberto Igrejas, presidente do IVDP. A par da sustentabilidade, a desertificação e o envelhecimento da região são outros dos assuntos em debate.

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