Políticos grátis

Embora tenha defendido nestas colunas que em Portugal os cargos políticos e os de direcção de serviços públicos, como os municípios ou os museus, por exemplo, deveriam ser remunerados ao mesmo nível dos dirigentes de bancos e empresas privadas, hoje, condicionado e impressionado pela lógica da linguagem dos cartazes, parece-me coerente aconselhar aos candidatos à gestão municipal que se apresentem como candidatos grátis, ou seja sem custos para o erário público

Recentemente, referi aqui a minha consternação por ter constatado que, no decorrer da última campanha para as eleições regionais francesas, a generalidade dos candidatos, em vez de proporem aos eleitores uma escolha entre programas, os aliciavam com as vantagens práticas, verdadeiras promoções de supermercado, de que beneficiariam se lhes dessem os seus votos. Tu me dás uma coisa a mim, eu te dou uma coisa a ti, segundo um refrão napolitano. Pareceu-me uma forma de corrupção em larga escala. É uma nefasta de deseducação cívica, incitando os eleitores a renunciarem às suas convicções em troco de uma possível benesse imediata. Neste contexto, a escolha dos candidatos afigurava-se como um quebra-cabeças para o eleitor. Em todas as listas apareciam ofertas atraentes, mas, como só um voto era possível, tinha de medir acuradamente a que lhe seria mais favorável para a satisfação das suas necessidades.

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