Funchal: fruta adoçada com açúcar e a preços de fugir. Canal alemão expõe burla no Mercado dos Lavradores

Fruta adulterada com açúcar e preços inflacionados para turistas. Canal alemão foi investigar uma das principais atracções turísticas no Funchal e deu conta da fraude.

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Ana Marques Maia

A Câmara Municipal do Funchal (CMF) abriu um processo de averiguações a três espaços de venda de fruta no Mercado dos Lavradores, em resposta a uma série de queixas relacionadas com adulteração e prática de preços discricionários e inflacionados para turistas.

A prática de adicionar açúcar à fruta exótica que é dada a provar aos turistas que visitam aquele espaço, e depois cobrar valores a rondar os 90 euros, quando o preço normal dificilmente ultrapassa dos 10 euros, já era conhecida das autoridades há algum tempo, mas foi agora, depois de um canal de televisão alemão ter exposto o esquema, que a autarquia anunciou a abertura do processo de averiguações interno.

A fiscalização da adulteração de fruta e da prática de preços inflacionados é competência da Autoridade Regional das Actividades Económicas (ARAE) e, diz a autarquia em comunicado, a Divisão de Mercados tem vindo a reportar todas as queixas que tem recebido neste âmbito. “Uma vez que as situações reportadas têm sido, infelizmente, recorrentes, a CMF vai então desencadear um processo de averiguação interno para apurar estes casos até às últimas consequências, o que poderá resultar em coima ou na perda do direito de concessão dos espaços presentemente atribuídos”, adianta.

O documentário alemão — que pode ser visto aqui — faz parte da série Achtung Abzocke, qualquer coisa como “Cuidado com as Fraudes”, em que o jornalista Peter Giesel visita os locais de férias preferidos dos alemães, denunciando fraudes e manipulações que visam os turistas. Neste episódio são retratadas as abordagens de que os turistas são alvo por parte de alguns vendedores, que dão fruta com açúcar a provar e, depois, cobram valores exorbitantes a quem quer comprar. No caso documentado, é cobrado 85,71 euros por um pequeno saco com fruta típica madeirense. Do outro lado da rua, numa frutaria tradicional, o mesmo jornalista sai com dois sacos cheios de fruta semelhante e não paga mais de 10 euros.

Mais grave é que, já no hotel, o jornalista constata que a fruta comprada no Mercado dos Lavradores, um dos locais da cidade mais visitados por turistas, afinal não é assim tão doce, percebendo que a que provou antes de comprar tinha açúcar.

Estas práticas têm sido denunciadas em sites de turismo, como o TripAdvisor, e são conhecidas da ARAE. No início deste mês, este organismo de fiscalização emitiu uma nota alertando para as diversas infracções que esta abordagem (corte de fruta e adição de açúcar) acarreta, mesmo quando está devidamente sinalizada, avisando para a abertura de procedimentos criminais ou contra-ordenacionais contra os infractores.

Também a autarquia endurece o discurso. Diz que tem feito um esforço na promoção e revitalização dos mercados municipais, “quer do ponto de vista da actividade comercial, quer a nível patrimonial, cultural e turístico”, e como tal não vai admitir “que alguns reiterados maus exemplos ponham em causa” a imagem do Mercado dos Lavradores e daqueles que lá trabalham com “seriedade, brio e profissionalismo”.

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