Cúmplices na fuga de Carlos Ghosn do Japão condenados a 24 e 20 meses de prisão

Antigo presidente da Nissan vive no Líbano depois de ter fugido à Justiça japonesa. Cúmplices foram extraditados e acusados de crime “sofisticado e arrojado”.

Foto
Carlos Ghosn, que também tem nacionalidade libanesa, vive em Beirute desde que fugiu do Japão MOHAMED AZAKIR/Reuters

Os dois norte-americanos, pai e filho, acusados de ajudarem o ex-presidente da Nissan, Carlos Ghosn, a fugir do Japão em 2019, foram hoje condenados a penas de 24 e 20 meses de prisão por um tribunal de Tóquio.

Michael Taylor, de 60 anos, ex-membro das Forças Especiais do Exército dos Estados Unidos, recebeu a pena mais pesada, de dois anos, enquanto o filho, Peter Taylor, de 28 anos, foi condenado a um ano e oito meses de prisão.

Quando se apresentaram no Tribunal do Distrito de Tóquio, a 14 de Junho, ambos admitiram ter ajudo Ghosn a fugir, de acordo com fontes da agência de notícias japonesa Kyodo. Carlos Ghosn aguardava julgamento em liberdade sob fiança. Ao tribunal, os dois homens disseram estar “profundamente” arrependidos dos seus actos.

Os procuradores tinham pedido quase três anos de prisão, dois anos e dez meses para o pai e dois anos e meio para o filho, por considerarem tratar-se de um crime “muito sofisticado e arrojado”. As autoridades japonesas dizem que Ghosn contratou os dois norte-americanos por 1,3 milhões de dólares (1,1 milhões de euros).

De acordo com os procuradores, os Taylor ajudaram Ghosn a fugir da casa onde vivia, em Tóquio, quando aguardava julgamento num megaprocesso por fraude, má gestão e apropriação de capitais da Nissan, entre outros crimes.

Os dois norte-americanos transportaram Ghosn para a cidade de Osaka no dia 29 de Dezembro de 2019, onde este embarcou num avião, de forma clandestina. O antigo presidente da Nissan passou pelas autoridades japonesas escondido no interior de uma caixa de grandes dimensões, aproveitando uma falha no sistema informático do aeroporto, e foi depois transferido para um avião privado que o levou para o Líbano, após uma escala na Turquia.

O empresário, com nacionalidade libanesa, francesa e brasileira, permanece desde a fuga na capital do Líbano, país que não tem acordo de extradição com o Japão. Os dois cúmplices foram detidos nos Estados Unidos em Maio de 2020 e foram extraditados para Tóquio em Março deste ano, a pedido das autoridades japonesas. A justiça norte-americana rejeitou os recursos interpostos pelos Taylor.

Carlos Ghosn, de 67 anos, que prestou declarações no Líbano após um pedido da Interpol apresentado pelo Japão, negou todas as acusações, afirmando que é vítima de uma conspiração orquestrada pelo fabricante japonês de automóveis, Nissan, numa altura em que negociava com a Renault uma maior participação da empresa francesa no grupo.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários