As soluções do PS para sair da crise: aumentar salários aos “mais qualificados”, “justiça fiscal” para a classe média e combater pobreza

A líder parlamentar do PS elencou uma série de temas prioritários para a próxima sessão legislativa. Recorrendo a frases de Alice no País das Maravilhas, Ana Catarina Mendes reconheceu o “papel extraordinário do Governo” no combate à pandemia.

Foto
Ana Catarina Mendes nas jornadas do PS, em Caminha LUSA/ARMÉNIO BELO

Políticas de habitação e de fiscalidade para a classe média, melhores salários para os jovens “mais qualificados” e que iniciam as suas carreiras, combate às bolsas de pobreza: estas foram as prioridades elencadas pela líder parlamentar do PS para a próxima sessão legislativa, no encerramento das jornadas parlamentares que reuniram os socialistas em Caminha na quinta e na sexta-feira.

Ana Catarina Mendes apontou como “fundamental” o papel do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para dar a volta à crise. “O papel fundamental do PRR é o combate à bolsa de exclusão e pobreza que ainda hoje existe em Portugal. Não podemos continuar a ter crianças e jovens que nascem e morrem pobres”, afirmou. Nesse sentido, garantiu que a “agência para a infância” será retomada pelos socialistas — mas também será prioritária a procura de respostas para a classe média.

Assim, “é preciso que a política de habitação prossiga e as rendas acessíveis sejam uma realidade”, frisou, considerando ainda que também é necessária “uma política fiscal para a classe média, capaz de garantir justiça fiscal e equidade para todos”.

Ana Catarina Mendes lembrou ainda que, sem a “melhoria significativa dos salários portugueses”, não é possível “continuar a pedir mais competitividade”. “Se temos conseguido aumentar o salário mínimo nacional e o salário médio, temos de ser capazes de aumentar os salários dos mais qualificados e que se iniciam no seu posto de trabalho”, defendeu.

Sair do poço em direcção a um país “mais coeso”

O livro Alice no País das Maravilhas parece ter inspirado Ana Catarina Mendes para a reunião da família socialista no Alto Minho. “Sabemos bem que quando Alice mergulhou no túnel viu um poço sem fundo”, lembrou a deputada, acrescentando de seguida que foi isso que o país vislumbrou com a governação à direita do PSD e do CDS-PP “na outra crise”, a de 2010. Sem “a vontade férrea do PS, do Governo, das autarquias e do grupo parlamentar [do PS]”, Portugal encontrar-se-ia na mesma situação da curiosa Alice.

As soluções para dar a volta à crise não saíram da cartola de um chapeleiro louco, mas antes da ausência de “medo” que, disse, pautou a acção dos socialistas ao longo dos últimos 18 meses: “Não estando no País das Maravilhas, reconhecemos o papel extraordinário que o Governo tem feito ao longo dos tempos.”

A localização da saída, tanto para Alice como para um país, depende do sítio para onde se quer ir. A líder do grupo parlamentar do PS apontou o sentido dos socialistas, que querem ir em direcção “a um Portugal mais coeso”, “aproveitando o PRR [Plano de Recuperação e de Resiliência]”, um “instrumento notável para a reconstrução económica e social”. “Os socialistas têm uma resposta e o grupo parlamentar tem uma responsabilidade. À direita, comparou Ana Catarina Mendes, não há indicações quanto ao caminho a tomar: “A saída da oposição nós sabemos: não encontramos nenhuma resposta.”

“Nós fomos negociar o maior pacote financeiro de sempre para dar a volta, olhar e dar futuro”, reforçou. Na quinta-feira, no discurso que encerrou o primeiro dia das jornadas, o secretário-geral do PS e primeiro-ministro de Portugal, António Costa, garantiu que o país será “o melhor” a executar o PRR.

Em contexto de pandemia, sobre o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e processo de vacinação, outra frase de Alice no País das Maravilhas: “A única forma de chegar ao impossível é acreditar que é possível.” “Quando muitos vacilaram sobre a vacinação, temos mais de 40% de pessoas com a totalidade da vacinação feita. Mas, ao mesmo tempo, também nisto o Parlamento foi proactivo, quando apoiámos medidas do Governo. Com a nossa própria resposta, conseguimos tornar possível o que outros consideravam impossível”, afirmou.

A dois meses das eleições autárquicas, Ana Catarina Mendes defendeu que o PS “merece continuar a ser a maior força política no poder local democrático”, assentando a sua acção nos princípios da “igualdade, solidariedade e justiça social”.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários