PS em jornadas parlamentares no País das Maravilhas

Socialistas só vão ouvir e debater sobre as boas experiências da pandemia durante os dois dias de trabalhos em Caminha. Propostas para os problemas que ainda persistem “só em Setembro”.

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Nuno Ferreira Santos

Depois de ter percorrido várias regiões do país para preparar as jornadas e o debate do estado da Nação, a líder parlamentar do PS chega nesta quinta-feira Caminha com uma certeza que quer mostrar: apesar da pandemia “houve um país que não parou, que mobilizou-se, reinventou-se, recriou-se”, conseguiu “combater a crise” e “responder aos assuntos mais urgentes” e que está hoje muito melhor devido à auto-iniciativa e às medidas de apoio do Governo. O retrato que Ana Catarina Mendes faz de Portugal é quase o do “país das maravilhas” e é esse cenário bom que os socialistas vão analisar em dois dias de jornadas parlamentares.

Ao fazer a antecipação das jornadas perante os jornalistas no Parlamento, onde não faltaram os elogios à actuação do Governo – o primeiro-ministro e secretário-geral do PS, António Costa, discursa no final do primeiro dia de trabalhos - , a líder da bancada socialista preferiu concentrar-se nos bons exemplos que foi encontrando nas últimas semanas e cujos representantes irão falar aos 108 deputados: das empresas que não despediram trabalhadores porque beneficiaram dos dois mil milhões de euros de apoios, como o pagamento a 100% do layoff, e das empresas que não recorreram a qualquer ajuda e se mantiveram activas e até cresceram; do investimento público no SNS desde o IPO de Coimbra à ala pediátrica do Hospital S. João (cujo projecto só arrancou em força depois de um grupo de cidadãos se juntar para angariar fundos); do apoio das universidades, como a da Beira Interior, fundamental para que os alunos não abandonassem o estudo; do empenho de indústrias como a dos moldes que se reinventaram para produzir produtos de combate à pandemia.

Questionada sobre o país que sobrevive com problemas – muitos deles agravados com a pandemia – e a que os apoios não deram resposta suficiente, a líder parlamentar assumiu-se como uma “optimista prudente” e insistiu em salientar os bons exemplos do “país extraordinário que não virou as costas às dificuldades e de um Governo que não poupou esforços”.

Aproveitou para criticar os partidos da direita, de cujas jornadas “não saiu nenhuma solução para os problemas actuais dos portugueses”, aconselhando-os a “visitarem o país e perceberem a importância de um Estado social forte e a capacidade de resiliência dos portugueses”. “É muito fácil à oposição criticar e colocar os ministros debaixo de fogo, mas é preciso calçar os sapatos de cada ministro e saber o que cada membro do Governo teve de enfrentar porque nenhum de nós sabia o que era uma pandemia.”

Ana Catarina Mendes acabou por admitir que “o país não está perfeito” e que “há dificuldades”, mas propostas para resolver os problemas que persistem “só em Setembro”, quando o Parlamento reabrir.

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