Decisão de tribunal europeu provoca receios de saída da Polónia da UE

Tribunal europeu decidiu esta quinta-feira que o sistema disciplinar de juízes na Polónia é contrário às leis da UE. O Supremo Tribunal polaco já tinha dito na quarta-feira que medidas aplicadas pelo TJUE violam a Constituição polaca.

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Supremo Tribunal da Polónia, em Varsóvia EPA/JAKUB KAMINSKI

O Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE) decidiu esta quinta-feira que o sistema disciplinar de juízes da Polónia é contrário às leis da União, em mais um passo na batalha sobre as regras democráticas europeias que os críticos do Governo polaco avisam que pode levar a que o país seja obrigado a sair da UE.

O tribunal, com sede no Luxemburgo, decidiu que a nova câmara disciplinar criada no Supremo Tribunal da Polónia “não dá todas as garantias de imparcialidade e independência e, em particular, não está protegida da influência directa ou indirecta da legislatura e do executivo polacos”.

O TJUE já tinha dito à Polónia para parar imediatamente todos os procedimentos na câmara disciplinar – criada pelos nacionalistas no poder como parte da sua ampla revisão do sistema judicial dos últimos anos – para prevenir danos antes da decisão final.

No entanto, o Supremo Tribunal da Polónia afirmou na quarta-feira que as medidas interinas aplicadas pelo TJUE à câmara disciplinar polaca violam a Constituição polaca e que, por isso, a Polónia não deve aplicá-las, decisão que desafia um princípio fundamental da UE, o da primazia das leis europeias sobre as leis nacionais.

Isto não quer dizer que a Polónia seguirá agora os passos do Reino Unido, iniciando um processo formal de saída da UE, mas está a passar de facto por aquilo a que um funcionário da UE chama “um ‘Polexit’ legal do sistema judicial”, afastando-se cada vez mais do bloco.

Os partidos da oposição polaca falam, no entanto, num processo que poderá culminar com o país a deixar de ser Estado-membro da UE.

Paralelamente, esta quinta-feira, a Comissão Europeia abriu novos processos legais contra Varsóvia e Budapeste por violação dos direitos LGBT, de acordo com um documento que será divulgado ainda esta quinta-feira e a que a Reuters teve acesso.

A Comissão, que age como guardiã das leis europeias nos 27 Estados-membros, responsabilizará a Polónia por nada fazer em relação às preocupações por causa de algumas áreas do país se terem declarado como “zonas livres de LGBT”.

A Hungria tocou num ponto nevrálgico da União nas últimas semanas como uma nova lei que proíbe materiais escolares considerados promotores da homossexualidade, que muitos na UE consideram restritiva, discriminatória e que infringe os direitos da comunidade LGBT e os direitos humanos.

Reuters

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