BE questiona Governo sobre atraso na realização de inquéritos epidemiológicos na Região de Lisboa e Vale do Tejo

Partido revela que “tem sucessivamente alertado” para a necessidade de se reforçarem as equipas de saúde pública de forma a responder a este crescente flagelo.

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Bloco de Esquerda está preocupado com diminuição dos rastreios MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

O Bloco de Esquerda está preocupado com o atraso na realização dos inquéritos epidemiológicos na Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) e questiona o Ministério da Saúde sobre esta situação que se verifica numa altura em que o país regista uma “incidência de casos de infecção de 315,6 por 100 mil habitantes”.

Numa pergunta dirigida ao ministério de Marta Temido e entregue esta quarta-feira na Assembleia da República o BE revela que “a Região de Lisboa e Vale do Tejo já ultrapassou os 300 casos por 100 mil habitantes”, uma incidência que, sublinha, faz com que “esta região continue a registar o maior aumento de casos”.

O PÚBLICO noticia esta quarta-feira que, na última semana de Junho, Portugal teve a menor capacidade de rastear e isolar contactos de pessoas infectadas com a covid-19 desde que esses dados começaram a ser revelados semanalmente, no relatório das “linhas vermelhas” da pandemia, a 3 de Abril.

Especialistas de saúde pública ouvidos pelo PÚBLICO dizem que a menor capacidade de rastreio verificada nas últimas semanas está directamente relacionada com o aumento de casos que se registam no país, mas não só. A verdade, afirmam, é que o aumento do número de profissionais registado no relatório não chega para as necessidades e esse é um dos principais problemas.

Na pergunta, o Bloco informa que teve conhecimento de que na ARSLVT “existiam nos últimos dias, cerca de 1000 inquéritos epidemiológicos por realizar” e quer saber se o Ministério da Saúde tem conhecimento desta situação.

“Preocupa-nos o facto de, por exemplo, só o ACES de Lisboa Central ter neste momento mais de 500 inquéritos epidemiológicos por realizar. Aliados a estes dados do ACES de Lisboa Central, vemos ainda Sintra, Loures-Odivelas, Lisboa Norte e Almada muito próximos da fasquia dos 200 inquéritos epidemiológicos por realizar, sendo que Sintra e Loures-Odivelas já terão ultrapassado esse número”, sublinha o documento.

“No próprio relatório das linhas vermelhas da Direcção-Geral da Saúde e Instituto Nacional Doutor Ricardo Jorge é assumido um atraso nos inquéritos epidemiológicos em Lisboa e, segundo o documento, serão já mais de 1000, o que face ao aumento do número de casos, apenas acresce a dificuldade em identificar e isolar as cadeias de contágios”, sublinha o partido, notando que “tem sucessivamente alertado” para a necessidade de se reforçarem as equipas de saúde pública de forma a responder a este crescente flagelo. E refere que ainda na semana anterior foi apresentado um projecto de resolução que tem como um dos objectivos evitar precisamente este tipo de situações.

Neste contexto, o Bloco sustenta que “ter uma política clara e um dispositivo de saúde pública reforçado é fundamental para o país, principalmente em momentos de crises pandémicas, como é o caso da pandemia de covid-19”.

Perante a “preocupante situação”, o Bloco espera que o Governo possa, “de forma célere, sem anúncios vazios, resolver esta situação” e quer saber qual o motivo para que, na ARSLVT, exista este preocupante número de inquéritos epidemiológicos por realizar”. “Sabe a tutela precisar o número exacto de inquéritos epidemiológicos por realizar a nível nacional até à presente data?”, perguntam os bloquistas.

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