“Guterres conseguiu uma aproximação às pessoas como nenhum outro líder, nem Mário Soares”

Um destes dias, Marcelo Rebelo de Sousa aceitou pôr o Presidente da República entre parêntesis (o contrário seria bem mais difícil) para evocar o guterrismo, protagonizado por um dos seus maiores e mais antigos amigos. Nunca nada os separou, e hoje nem um oceano os afasta: Marcelo e Guterres partilharam muito (ou quase tudo?), falar de um é falar do outro. É essa história que aqui se conta, pelo menos um bom bocado dela. E quem melhor para a evocar?

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Nem o Presidente da República teria lugar nesta conversa, nem o secretário-geral da ONU seria convocado. Era “o” Marcelo porque se iria tratar “do” Guterres. Eram dez horas de uma noite de Junho, quando atravessando um palácio deserto e quase fantasmagórico fui dar com um cavalheiro sozinho, sentado numa grande sala. Impressionei-me. Pareceu-me cansado: “Queres água?”. Eu teria (naturalmente) preferido um bom vinho, mas era capaz de não ser costume e ele tem um lado espartano que poucos conhecem. Liguei o gravador: Guterres de A a Z. No final, percebi o que já sabia, mas que ali se agigantara: uma amizade sem medida, quase tão antiga como eles e que apetece evocar como indestrutível, tal a intensidade do que viveram, souberam, partilharam, decidiram. Até o facto de se terem cruzado politicamente quando um chefiava o governo e o outro a oposição — não teve sombra de relevância, a vida continuou.

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