Presidenciais em São Tomé: campanhas competem por espaço nas ruas e nos decibéis

Dezanove candidatos concorrem ao lugar de Evaristo Carvalho nas eleições presidenciais do próximo domingo.

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Campanha de Delfim Neves em São Tomé NUNO VEIGA/Lusa
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Cartazes dos 19 candidatos estão espalhados por todo o país NUNO VEIGA/Lusa
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Cartaz de Júlio Silva numa rua de São Tomé NUNO VEIGA/Lusa

A uma semana das eleições presidenciais de São Tomé e Príncipe, o centro da capital, junto ao mercado municipal, é o local onde se concentram as campanhas, entre venda ambulante e propaganda eleitoral, ao som de música ensurdecedora. 

Dezenas de pequenas bandeiras penduradas em postes e árvores, cartazes com a cara do candidato colados em vedações e árvores marcam o espaço da candidatura. E as inevitáveis colunas, a emitir músicas com decibéis demasiado elevados.

Junto a estes locais, concentram-se algumas pessoas, pouco mais de meia dúzia.

“Este é o candidato da minha preferência. Eu não quero corruptos”, diz um idoso, sentado junto à propaganda de Carlos Vila Nova, o candidato apoiado oficialmente pela Acção Democrática Independente (ADI).

Guilherme Posser da Costa (MLSTP, no poder), mas principalmente Carlos Vila Nova e Delfim Neves, são os candidatos mais visíveis, com os seus espaços intercalados com bancas de venda de todo o tipo de produtos, desde alimentos a roupa, ao longo de algumas centenas de metros à beira da estrada.

Dois jovens afirmam-se convictos que o próximo Presidente de São Tomé e Príncipe será Delfim Neves, porque é o que, dizem, distribui mais materiais.

“Ele dá ‘bué’ t-shirts”, diz um deles, enquanto o amigo complementa: “E bonés, t-shirts”.

Depois de um silêncio, o primeiro atira: “Mas nós vamos votar no candidato do nosso partido, o ADI. Vila Nova é o garante do nosso futuro. É o que os nossos mais velhos aconselham”.

No resto da cidade, a maior animação sente-se nos momentos que antecedem a passagem de alguma campanha.

Primeiro, um carro passa e deixa material de propaganda: t-shirts, principalmente, mas também crachás ou bonés.

Em Ponta Mina, algumas mulheres dançam, animadas, à beira da estrada, envergando t-shirts da candidatura do presidente da Assembleia Nacional, Delfim Neves. Algumas têm um pano atado à cintura, com a cara do candidato.

“Eu estou com ele”, diz uma delas, animada. Do outro lado da estrada, outras usam a t-shirt do candidato, mas com menos entusiasmo.

À pergunta sobre se acham que Delfim Neves deve ser o próximo Presidente são-tomense, uma limita-se a responder: “Vamos ver os que têm sorte no dia 18”.

O silêncio das ruas, quase sempre vazias, apenas é interrompido pelas carrinhas de caixa aberta que transportam vários apoiantes e gigantescas colunas de som, espalhando os sons das campanhas.

Mas o apoio também surge em motociclos, com bandeiras com as caras dos candidatos penduradas atrás.
Das ruas às conversas privadas, a campanha eleitoral está por todo o lado.

Um taxista não esconde a sua preferência: à frente e atrás no carro tem a imagem de Posser da Costa, que acredita ser o único candidato com perfil adequado para o cargo presidencial.

‘John’, um guia turístico, discorda: declara o seu apoio a Vila Nova.

“Acha que eu vou sair de casa para dar o voto a Posser da Costa, Delfim Neves, Elsa Pinto…?”, questionou, apontando nomes ligados à ‘nova maioria’ (MLSTP e coligação PCD/UDD/MDFM, que suportam o Governo de Jorge Bom Jesus.

Uma funcionária no sector do turismo assiste ao telejornal na TVS, canal nacional são-tomense, com várias notícias de acções de campanha.

“O político tem três caras: a cara que promete o que vai fazer, a cara que faz quando está no poder, e a cara para a família”, atira.

No próximo dia 18, um total de 19 candidatos disputam a eleição para o Palácio Cor de Rosa, sucedendo a Evaristo Carvalho, que não se recandidata ao cargo.

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