Milhares em manifestação nas ruas de Cuba contra o Governo

Na manifestação ouviram-se palavras de ordem como “Pátria e vida”, o título de uma canção polémica, “Abaixo a ditadura” e “Nós não temos medo”. Os manifestantes, na sua maioria jovens, desfilaram nas ruas de San Antonio de los Baños, uma cidade com cerca de 50 mil habitantes situada a 35 quilómetros da capital cubana.

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Milhares de cubanos manifestaram-se este domingo contra o Governo, algo inédito, nas ruas de duas pequenas cidades, uma a sudoeste de Havana e outra perto de Santiago de Cuba, como demonstram vários vídeos divulgados online. Os manifestantes saíram à rua para pedir o fim da ditadura de décadas e exigir alimentos e vacinas, já que a escassez de alimentos básicos se tornou comum e os casos de covid-19 dispararam nas últimas semanas.

De acordo com a Agência France Presse, gritando palavras de ordem como “Pátria e vida”, o título de uma canção polémica, “Abaixo a ditadura” e “Nós não temos medo”, os manifestantes, na sua maioria jovens, desfilaram nas ruas de San Antonio de los Baños, uma cidade com cerca de 50 mil habitantes situada a 35 quilómetros da capital cubana.

A agência espanhola EFE dá conta também de uma manifestação em Palma Soriano, na outra ponta do país, uma cidade perto de Santiago de Cuba, na qual participaram centenas de pessoas e onde se ouviu palavras de ordem como “chega de mentiras”, “unidade” e “queremos ajuda”.

Segundo a EFE, que cita testemunhas no local, houve violência policial nas duas manifestações, que foram transmitidas em directo em várias contas no Facebook.

Habitantes de San Antonio de los Baños contaram a repórteres da EFEque, durante o protesto, a polícia reprimiu violentamente e deteve alguns dos manifestantes. Houve mesmo algumas detenções.

No final da tarde, o presidente e chefe do Partido Comunista, Miguel Diaz-Canel, falava à nação, dizendo que os Estados Unidos eram os responsáveis pelos distúrbios. Jipes das forças especiais, com metralhadoras montadas nas costas, estiveram em Havana e Diaz-Canel convocou os seus apoiantes a enfrentarem as “provocações”, apelando a que defendessem o governo com as próprias vidas.

Estes foram os maiores protestos antigoverno de que há registo na ilha desde o chamado “maleconazo”, quando em Agosto de 1994, em pleno “período especial”, centenas de pessoas saíram às ruas de Havana e não se retiraram até à chegada do então líder cubano Fidel Castro.

Desde o início da pandemia da covid-19, em Março de 2020, os cubanos enfrentam maior escassez de alimentos, medicamentos e outros produtos básicos, o que gerou um forte mal-estar social.

Estas manifestações aconteceram no dia em que Cuba registou um novo recorde diário de contágios e mortos devido à covid-19, com 6923 novos casos nas últimas 24 horas, num total de 238.491, e 47 mortos, subindo o total desde o início da pandemia para 1537.

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