Preços do petróleo acentuam subida após impasse nas negociações da OPEP+

Mercados internacionais do petróleo continuam sob pressão, num cenário em que o aumento da procura não está a ser acompanhado pelo anúncio de um reforço da produção.

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O barril de petróleo Brent subiu esta manhã o valor mais elevado desde Outubro de 2018 Reuters/MAXIM SHEMETOV

Os preços do petróleo prolongaram, durante a manhã desta terça-feira, a sua tendência de subida, agravada no dia anterior após o adiamento da reunião em que os principais produtores mundiais iriam discutir a possibilidade de avançarem para um aumento da oferta.

De acordo com os dados publicados pela agência Reuters, o barril de petróleo Brent viu o seu preço subir, ao início da manhã, mais 68 cêntimos para 77,78 dólares, o que constitui o valor mais elevado desde Outubro de 2018. Já em relação ao barril de petróleo WTI (West Texas Intermediate), a subida face ao dia anterior é de 1,75 dólares para 76,91 dólares, o máximo desde Novembro de 2014.

A continuação da subida de preços durante esta terça-feira não constitui uma surpresa. O dia anterior ficou marcado pelo fracasso das negociações dentro do grupo que reúne os 14 países pertencentes à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e outros dez grandes países produtores, como a Rússia, e que é denominado como OPEP+. 

Estava agendada para esta segunda-feira uma reunião onde se esperava poder vir a ser aprovado um reforço dos níveis de petróleo produzidos por este grupo de países em 400 mil barris ao mês, algo que ajudaria a limitar a tendência de subida dos preços que se verifica desde que a economia mundial começou a recuperar.

No entanto, um confronto protagonizado pela Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos levou o grupo ao adiamento da reunião, sem que tenha sido apresentada qualquer nova data para a obtenção de um entendimento. De um lado, a Arábia Saudita, aparentemente com o apoio da grande maioria dos membros da OPEP+, pretende um aumento da produção, mas mantendo em vigor o acordo assinado no ano passado que definiu limites à oferta. Do outro lado, os Emirados Árabes Unidos, que também querem um aumento de produção, consideram que o acordo de limite à oferta deve deixar de estar em vigor.

Esta incapacidade para se chegar a um consenso em relação ao reforço da oferta acentuou a pressão sobre os preços do petróleo praticados nos mercados internacionais, numa altura em que a retoma da actividade económica mundial faz com que a procura cresça. 

A subida do preço do barril de petróleo tem vindo a gerar uma preocupação crescente entre as economias importadoras desta fonte de energia, pelos efeitos inflacionistas que está a criar. Nos Estados Unidos e na Europa, a taxa de inflação subiu de forma acentuada nos próximos meses, criando constrangimentos à acção dos bancos centrais, e uma das principais razões para essa subida está no agravamento dos custos dos combustíveis.

Em Portugal, o preço dos combustíveis situa-se neste momento ao nível mais elevado desde 2012.

Outros países consumidores líquidos de petróleo, como os EUA, mostram a sua preocupação com o impasse que se verifica dentro da OPEP+ e tentam exercer a sua pressão. “Não somos uma das partes envolvidas nestas negociações, mas elementos da administração têm estado em contacto com algumas das capitais mais relevantes para apelar a uma solução de compromisso que permita que os aumentos de produção propostos possam avançar”, afirmou na segunda-feira um porta-voz da casa Branca.

A expectativa, neste momento, é a de que, pelo menos, venha a ser agendada uma nova reunião, o que, não resolvendo o problema, retiraria alguma da incerteza que neste momento se vive nos mercados e daria sinais de que o desentendimento entre Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos não é insolúvel.

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