Primeiro-ministro sueco vai tentar formar Governo uma semana depois de apresentar demissão

Stefan Lofven vai propor uma coligação semelhante à do anterior Governo e, com a abstenção do Partido do Centro e do Partido da Esquerda, poderá obter uma maioria.

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O líder do Parlamento sueco (à esquerda) e o primeiro-ministro interino (à direita) numa conferência de imprensa em Estocolmo TT NEWS AGENCY/Reuters

Uma semana depois de ter apresentado a sua saída do Governo da Suécia, Stefan Lofven vai tentar permanecer no cargo de primeiro-ministro, contando para já com a promessa de vários partidos de que não vão bloquear a sua aprovação. Esta é segunda tentativa do Riksdag [Parlamento sueco] para formar um Governo, depois o líder do Partido Moderado, Ulf Kristersson, não ter conseguido reunir apoio suficiente.

Numa segunda tentativa de resolver o impasse político, o líder do Parlamento avançou que “Stefan Lofven tem uma solução que pode ser tolerada pelo Riksdag”, e por isso nomeou-o como candidato a primeiro-ministro. A votação vai decorrer na sexta-feira.

A tolerância a um bloco liderado por Lofven foi confirmada pelos comentários da líder do Partido do Centro, Annie Loof, que afirmou não se opor ao primeiro-ministro, o que significa que vai abster-se, tal como o Partido de Esquerda.

Lofven pretende formar um Executivo com os Sociais-Democratas e os Verdes, uma composição semelhante ao Governo derrubado. Com a abstenção do Partido do Centro e do Partido da Esquerda, e com a votação a favor da coligação do partido de Lofven e dos Verdes, o Governo pode ser aprovado por 175 deputados, o número exacto necessário para garantir uma maioria.

“O país precisa de um Governo que tenha a capacidade de agir”, disse Lofven à imprensa na segunda-feira. “Perdi a moção de censura há umas semanas e os partidos que estiveram por trás da iniciativa não conseguiram criar uma alternativa viável”, continuou.

Lofven perdeu uma moção de censura apresentada há duas semanas pelo partido de extrema-direita Democratas Suecos, após o Partido da Esquerda, um aliado para aprovar legislação, ter retirado o seu apoio devido a uma proposta sobre as rendas dos novos apartamentos. A proposta foi entretanto retirada.

Uma semana depois apresentou a sua demissão, precisamente para não convocar as eleições antes da data prevista para Setembro de 2022, defendendo a necessidade de “estabilidade e segurança durante a pandemia”. O social-democrata liderava uma minoria parlamentar entre os Sociais-Democratas e os Verdes, tendo também o apoio do Partido de Esquerda e do Partido do Centro.

Ainda assim, não há certezas e a votação deve ser renhida num Parlamento fragmentado, onde reina uma política de consenso sem maiorias. Se Lofven não conseguir os votos suficientes, podem ser convocadas eleições antecipadas.

O líder social-democrata acredita que o seu Governo pode propor um orçamento com boas probabilidades de ser aprovado, porém “isso requer que as pessoas não se prendam às suas posições e exijam 100% do que querem”. O primeiro-ministro interino acrescentou ainda que, caso o orçamento não seja aprovado, deixa o cargo. 

Segundo Elisabeth Marmorstein, comentadora de política da emissora pública sueca, o orçamento é a questão crucial da votação: tanto os Verdes como o Partido Popular Liberal, também aliado de Lofven, continuam a exigir cedências orçamentais.

Contudo, o social-democrata também é conhecido por conseguir negociar e ganhar aliados no centro, escapando a impasses aparentemente sem resolução e num contexto político em mudança, marcado pela ascensão da extrema-direita. Em 2018, foram precisos quatro meses para ser acordada uma coligação parlamentar.

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