O conforto do lar é a vantagem suprema no Euro 2020

Até ao final do Euro, Inglaterra tem uma autêntica “final four” para organizar em Londres. É certo que não são os estádios, as cadeiras ou a relva quem marca os golos, mas o conforto do lar é, em tese, um factor de benefício. A história comprova-o.

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Adeptos ingleses em Wembley Reuters/CARL RECINE
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Apenas seis das 24 selecções do Euro 2020 puderam jogar em casa os três jogos da fase de grupos e todas elas ultrapassaram essa fase. Coincidência? Talvez. Mas os dados são claros e, provavelmente, destroem o argumentário da aleatoriedade: dessas seis, quatro estão nas meias-finais da prova.

Inglaterra, Itália, Espanha e Dinamarca são quatro das equipas com mais jogos em casa na primeira fase do Europeu. Mais à frente, os ingleses ainda puderam jogar os oitavos-de-final em Londres, frente à Alemanha, e vão jogar a meia-final contra a Dinamarca (quarta-feira, 20h) também em Wembley – bem como uma eventual final contra Itália ou Espanha.

Resumindo: jogar em casa foi uma vantagem suprema e impossível de ignorar para várias selecções, mas os verdadeiros “reis do factor casa” foram os ingleses, que poderão vencer um Europeu jogando seis dos sete jogos em sua casa.

Tudo encaminhado para a glória britânica? Confiança nisso não lhes falta. “It’s coming home”, diz a imprensa.

Selecções “saltam” entre países

Dirão os mais cépticos que disputar as partidas em casa é, em qualquer competição de selecções, uma benesse para o país organizador e que tal nunca foi visto como concorrência desleal – afinal, alguém tem de receber a prova. 

Ainda assim, o cenário complica-se no Euro 2020 porque esta foi a estreia do inovador formato de várias cidades-sede, com a prova a ser organizada um pouco por todo o velho continente. Há, portanto, um desequilíbrio entre as selecções que “saltitam” de país em país, ao contrário do que é habitual, e as que ficam, confortavelmente, na pacatez dos seus lares – não apenas uma selecção, mas várias.

O formato desde cedo gerou alguma polémica, pela possível concorrência desleal, e, perante o peso prático do factor casa, com quatro semi-finalistas “caseiros”, é provável que a discussão se adense daqui em diante e que a fórmula não seja repetida.

As deslocações e a constante mudança de “quartel-general” foram o problema mais óbvio. A fadiga associada às viagens, os diversos relvados de treino e jogo e a instabilidade no descanso são, para quem muda de cidade, uma desvantagem evidente por comparação com quem joga no seu país. 

Noutro domínio, a pandemia de covid-19 espoletou dificuldades de deslocação dos próprios adeptos. Quer isto dizer que, em tese, a lotação dos estádios terá sido preenchida essencialmente por fãs locais, algo que desequilibra ainda mais o prato da balança a favor das equipas anfitriãs.

Este é o cenário já vivido neste Europeu. Falta falar do que há por viver. E também esse poderá ter um peso decisivo.

Até ao final do Euro, Inglaterra tem uma autêntica “final four” para organizar. Os dois jogos das meias-finais serão em Wembley, bem como a final. É certo que não são os estádios, as cadeiras ou a relva quem marca os golos, mas o conforto do lar é, em tese, um factor de benefício. A história comprova-o.

Falharam apenas três em 15

Em 15 Campeonatos da Europa, apenas três vezes o país organizador não chegou, pelo menos, à meia-final. Foram os casos da Bélgica, em 2000 (apesar de a co-organizadora Holanda lá ter chegado), da Áustria e da Suíça, em 2008, e da Ucrânia e da Polónia, em 2012.

De resto, registam-se desempenhos de relativo sucesso (meia-final ou final) em dez ocasiões (entre os quais Portugal, em 2004) e de sucesso total em três – Espanha64, Itália68 e França84 tiveram campeões caseiros.

É certo que estes dados estão enviesados pela força dos anfitriões – boa parte dos Europeus foram organizados por “tubarões” –, mas são, no mínimo, uma curiosidade que atesta uma relativa vantagem do factor casa.

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