Medidas para controlar variante Delta na Europa podem ter sido tomadas tarde demais

Variante tem maior transmissibilidade e pessoas com apenas uma dose da vacina estarão mais vulneráveis.

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A rapidez da vacinação é essencial para travar a variante Delta CLODAGH KILCOYNE/Reuters

A variante Delta, dominante em Portugal, está presente em 98 países, anunciou esta sexta-feira a Organização Mundial de Saúde (OMS) alertando para um “período perigoso” da pandemia.

A variante parece tornar-se rapidamente a maioritária nos países onde chega. A sua disseminação é responsável pela discussão de restrições a viagens – o maior exemplo são as aplicadas pela Alemanha a quem saia de Portugal e especialistas dizem que já é tarde para que medidas como restrições de viagens tenham efeito, já que a Delta já está presente e com transmissão local.

Descoberta na Índia, a variante é preocupante não só por ser mais transmissível como por afectar mais pessoas que não foram vacinadas ou que têm apenas uma dose da vacina. Estudos sugerem que as vacinas mais usadas têm eficácia semelhante para a Delta, mas quem recebeu só uma dose tem uma menor protecção.

A variante tornou-se rapidamente dominante no Reino Unido, Rússia, e Portugal. Outros países europeus com taxas menores de Delta estão a ver subidas rápidas: a Alemanha, por exemplo, tinha 15% de prevalência de Delta nos novos casos há duas semanas, e estima-se que esta semana tenha tido 50%. Em Junho, prevê-se que chegue aos 70%. Em França, a Delta representa cerca de 20% dos novos casos, na semana passada, eram 10%.

Segundo a estimativa do Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC), a Delta será responsável por 90% das infecções no final de Agosto na Europa.

Tom Wenseleerts, especialista em bioestatística da Universidade de Leuven (Louvaina, na Bélgica), disse à estação norte-americana CNBC que duvidava que os países europeus, “com as suas economias abertas e menos controlos fronteiriços, quarentenas e rastreamento”, conseguissem manter a Delta longe durante muito tempo. “Especialmente dado que já há circulação local extensiva”, declarou, apontando que além dos estimados 90% em Portugal, a variante seja já responsável por mais de metade dos casos não só na Alemanha mas também em Espanha, Bélgica, Luxemburgo, Suécia e Países Baixos.

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