Nasce a Dobradiça, uma bienal em Mação para abrir possibilidades

Encontro começa esta quinta-feira. Até 5 de Agosto, há conversas, workshops, performances, instalações e exposições.

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Mação: "Aqui não há escolas de dança, nem de teatro", diz Joana Rosa, uma das mentoras da nova bienal daniel rocha

Arranca esta quinta-feira a primeira edição d’A Dobradiça, uma bienal em Mação sobre cultura e artes. O projecto parte do impulso da arquitecta Joana Rosa e do artista plástico Jabulani Maseko, um casal que, em 2019, se fixou com os filhos naquele concelho do distrito de Santarém.

“A Dobradiça surge numa perspectiva de contrariar” a dinâmica de abandono destes territórios, explica Joana Rosa, ao PÚBLICO, ao telefone. O projecto que querem que seja bienal nasce para levar para Mação o que não existe, um movimento cultural. “É como uma troca, uma contribuição para o sítio onde estamos. Neste momento achamos que isso fazia sentido, tanto para os nossos filhos como para as pessoas daqui”, acrescenta.

A programação que se prolonga até dia 5 de Agosto é composta por conversas, workshops, performances, instalações e exposições. A lista de artistas que vão a Mação é composta a partir da rede de contactos do casal que se conheceu em Londres. Jennifer Wennefer, Ramiro Guerreiro, Sophie Clements, Joy Gregory, Leni Dothan e Miguel Miceli são os artistas convidados para esta primeira edição d’A Dobradiça e vão ocupar vários espaços de Mação.

O projecto que conta com o apoio da Direcção-Geral das Artes e do Município de Mação vai decorrer nas ruas da vila, na galeria municipal, na igreja da Misericórdia, no Jardim dos Peixinhos, na Casa Pina Falcão na Fábrica Mirrado, um antigo complexo industrial desactivado há mais de uma década. As entradas são gratuitas.

A ideia é abrir possibilidades. “Por exemplo, aqui não há escolas de dança, nem de teatro. Há uma aula por semana. De resto, as crianças não são expostas a isso. Se quiserem mais, têm que ir para fora”, refere a arquitecta. “Às vezes, fazendo um workshop, ficam a saber que há a possibilidade de aprenderem uma determinada técnica”, considera. E só isso, pode fazer a diferença, sublinha. 

Nas povoações do Interior, afirma, “as pessoas vão embora e quem fica, fica sem possibilidades. [este projecto] pode transmitir essa possibilidade de criar uma dinâmica e manter gente”, diz. 

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