Andreia Friaças vence Prémio Gazeta Revelação com trabalho no PÚBLICO

8 de Março de 1962. A manifestação das mulheres que não está nos livros é o título do trabalho premiado na categoria Gazeta Revelação.

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Com bombinhas de São João, Maria José Ribeiro anunciava o que viria a ser histórico. Naquela tarde de Março, no Porto, as mulheres foram protagonistas da luta antifascista e pela primeira vez exigiam ser “cidadãs de corpo inteiro” nelson garrido
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Comunicado do grupo de mulheres democráticas do Norte da manifestação analisada na reportagem TORRE DO TOMBO

A jornalista Andreia Friaças foi distinguida com o Prémio Gazeta Revelação com a reportagem 8 de Março de 1962. A manifestação das mulheres que não está nos livros, publicada no jornal PÚBLICO a 8 de Março de 2020 – tanto online como no P2, o suplemento impresso de domingo. Os vencedores da edição de 2019/2020 dos Prémios Gazeta foram anunciados esta quarta-feira.

A jornalista freelancer de 25 anos escreve para o PÚBLICO e é também apresentadora do programa Radar XS, na RTP2. O trabalho premiado conta a história da manifestação do Dia Internacional da Mulher de 1962 – a única organizada e protagonizada por mulheres durante a ditadura –, que a polícia jurava fracassar, mas que conseguiu afrontar o regime – só que acabou esquecida por todos. 

“Quis fazer esta reportagem por se tratar de uma manifestação protagonizada por mulheres, em que, pela primeira vez, são elas que ocupam as ruas, que dão voz não só à luta antifascista mas também às batalhas que tratavam enquanto mulheres”, conta a jornalista ao PÚBLICO, após ser agraciada com o prémio. “Foi uma manifestação que afrontou o regime, que foi notícia em jornais internacionais, mas que, por cá, foi esquecida, e ainda hoje é uma nota de rodapé nos livros de história.”

A jornalista considera que “há uma tendência para os acontecimentos, protagonizados por mulheres, nos continuarem a escapar e a serem esquecidos”. “E isto é perigoso: quando se apaga da história, apaga-se da memória e sem memória não se constrói futuro. Por isso, fico muito feliz que este tema tenha recebido interesse pelo jornal PÚBLICO e que tenha sido reconhecido com o prémio Gazeta.” O Prémio Gazeta Revelação é atribuído a jornalistas que tenham menos de 30 anos de idade e não mais de dois anos de exercício da profissão.

Os outros premiados

Nas outras categorias, o Prémio Gazeta de Mérito foi atribuído à jornalista Diana Andringa, pela sua “longa e multifacetada carreira”, que começou na imprensa durante a década de 1960 e se consolidou na televisão, ao serviço da RTP. Foi também presidente do Sindicato de Jornalistas e, em 2013, doutorou-se em Sociologia da Comunicação.

O Prémio Gazeta de Televisão foi atribuído a João Pedro Mendonça, da RTP, pela reportagem Confinado na aldeia, realizada pelo próprio em Monsanto enquanto esteve de quarentena por decisão médica, para se proteger da covid-19. “Sozinho, munido de um telemóvel, um selfie stick, um computador e um piano, o jornalista filmou, editou, sonorizou e escreveu a peça, emitida a 6 de Maio de 2020”, lê-se no comunicado do Clube de Jornalistas (CJ).

Na categoria Gazeta de Imprensa foi distinguido o jornalista freelancer António Marujo, galardoado com a reportagem A caixa de correio de Nossa Senhora, publicada nas edições de 4 de Janeiro e 1 de Fevereiro de 2020, no Expresso. “Baseada em correspondência recebida pelo Santuário de Fátima, alojada nos seus arquivos, aborda facetas desconhecidas do país que encontra no divino o último recurso – incluindo para as angústias causadas pela guerra colonial”, lê-se no comunicado em que são anunciados os vencedores.

O fotojornalista da agência Lusa José Sena Goulão ganhou o prémio Gazeta de Fotografia, pela imagem do homem que percorreu isolado a Avenida da Liberdade no 25 de Abril de 2020, com a bandeira nacional. De acordo com a nota do Clube de Jornalistas, José Sena Goulão foi distinguido na categoria de fotografia, pela imagem que intitulou Sozinho com a pátria às costas, divulgada em diversos órgãos de comunicação.

O prémio Gazeta de Rádio foi atribuído a Carolina Ferreira e Miguel Soares (Antena 1) autores da reportagem Goodbye Europa, sobre o “Brexit”, com sonoplastia de Jaime Antunes, emitida a 12 de Fevereiro de 2020.

Na categoria multimédia, os galardoados foram João Francisco Gomes e Sónia Simões (Observador), pelo trabalho Em Silêncio, um conjunto de cinco reportagens sobre abusos sexuais na Igreja Católica em Portugal, divulgadas de 10 a 15 de Fevereiro de 2019. Por fim, na categoria de imprensa regional, o júri atribuiu o prémio ao jornal O Gaiense, de Vila Nova de Gaia, também distribuído em Espinho e nos principais pontos de venda do Porto.

O júri deste prémio (da iniciativa do Clube de Jornalistas e que conta com o apoio da Câmara de Lisboa) é constituído por Eugénio Alves (CJ), que presidiu, Cesário Borga (CJ), Eva Henningsen (Associação da Imprensa Estrangeira em Portugal), Fernanda Bizarro (freelancer), Fernando Correia (jornalista e professor universitário), Elizabete Caramelo (professora universitária), Fernando Cascais (professor universitário e formador do Cenjor), Jorge Leitão Ramos (crítico de cinema e televisão), José Rebelo (professor emérito do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa) e Paulo Martins (jornalista e professor universitário).

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