Covid-19: Kit para ajudar pacientes a recuperar olfacto desenvolvido em Aveiro

Constituído por cinco discos de aromas, o kit vai ser avaliado num ensaio clínico no Hospital de Aveiro, para verificar a eficácia no treino de estimulação e regeneração do epitélio olfactivo.

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O Kit de cheiros Universidade de Aveiro

Um grupo de investigadores da Universidade de Aveiro desenvolveu um kit 100% vegetal para treino dos desvios olfactivos destinado, em particular, a pacientes afectados pela covid-19.

“Este é um kit que tem vários discos preparados com uma combinação de produtos naturais em determinadas condições e a ideia é que ele possa ser utilizado para o treino de pessoas que têm desvios olfactivos, que pode ser perder o olfacto ou não, incluindo os pacientes que tiveram covid-19”, explicou Sílvia Rocha, líder do grupo de investigação.

A perda da capacidade de sentir cheiros é um dos sintomas mais comuns da covid-19, e, em alguns casos, são necessários exercícios específicos para conseguir reabilitar essa capacidade.

“Sabe-se que cerca de 60% das pessoas recuperam o olfacto naturalmente, sem fazer nada de especial, mas há os outros 40% que não recuperam e é importante que haja este treino para que possam recuperar, porque o olfacto tem um papel muito importante na nossa vida e em algumas profissões tem um papel central”, disse a investigadora.

Foi neste contexto que o grupo de investigação da Universidade de Aveiro, especializado na área da química de aromas e dos produtos naturais, iniciou a procura de uma solução eficaz na recuperação e tratamento dos desvios olfactivos, que deu origem ao projecto Top Covid e que teve como parceira de projecto a Sogrape.

Sílvia Rocha diz que a recuperação dos pacientes com desvios olfactivos consegue-se através de um treino diário, duas vezes por dia, que consiste em estar durante dez segundos a cheirar cada um dos discos de aromas que foram criados pelo grupo de investigação.

O kit que será apresentado esta quarta-feira à tarde é constituído por cinco discos de aromas, criados a partir de matérias-primas 100% vegetais e sem qualquer tipo de conservante, como pó de alecrim, pó de casca de tangerina com pó de bagaço de baga, pó de bagaço de touriga nacional com grãos de erva-doce, pó de gengibre com pó de bagaço de baga e folhas de orégãos.

“A nossa ideia foi usar produtos naturais no sentido que conferem aromas que as pessoas conhecem e dos quais têm uma percepção positiva ou porque estão associados aos alimentos ou à natureza”, referiu a investigadora.

Numa primeira fase, foram produzidos 100 kits que vão ser doados ao Hospital de Aveiro, e que irá agora avaliar, através da realização de um ensaio clínico, a sua eficácia no treino de estimulação e regeneração do epitélio olfactivo em indivíduos com comprovada perda olfactiva e/ou com desvios olfactivos resultantes da infecção da covid-19.

“A ideia é que os pacientes sejam acompanhados até recuperarem completamente o olfacto usando este kit nas suas sessões diárias de treino”, disse a investigadora, adiantando que pretendem alargar este ensaio a outros hospitais.

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