Na Idade do Gelo, mas sem dinossauros

Um partido ser capaz de resistir mais de quatro décadas no poder é muito mais do que uma originalidade. É a prova de que em muitos municípios portugueses não há debate público nem escrutínio do exercício do poder autárquico.

No mapa autárquico de Portugal, há 31 municípios que nunca mudaram de partido desde as eleições inaugurais da era democrática. O país mudou, a Europa chegou, houve crises nacionais e internacionais, na política e na economia, o muro de Berlim caiu, a China tornou-se um poder global, o “Brexit”​ aconteceu, os dinossauros autárquicos foram extintos por força da lei da limitação de mandatos, mas nenhuma transformação foi capaz de alterar a hegemonia do PS, PSD ou CDU nesses concelhos. É caso para dizer que, em democracia, é perfeitamente natural que os cidadãos optem por manter a sua confiança política num partido eleição após eleição. Como é caso para suspeitar de que em muitos desses municípios se cristalizou uma rede clientelar de pequenos poderes que trava um dos ingredientes fundamentais da democracia: a alternância das suas elites.

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