Então e quem decidiu emprestar dinheiro a Berardo?

Se de um financeiro espertalhão não espanta que não pague o que deve, já a incompetência de quem administra um banco público é mais grave.

Qualquer pessoa que assistiu à prestação de Joe Berardo na Comissão Parlamentar de Inquérito à CGD em 2019 sentiu o coração aquecendo ligeiramente quando leu ou ouviu a notícia que dava Joe Berardo detido por suspeitas de fraude fiscal, burla agravada e branqueamento de capitais. O gozo e o desrespeito ostensivos de Berardo para com os deputados da comissão de inquérito – e, donde, o gozo e o desrespeito para com os eleitores que os deputados representam – foi um dos momentos mais subterrâneos acontecidos na Assembleia da República nos últimos anos. Tendo em conta que a CGD recebeu de 2007 a 2019 mais de seis mil milhões de euros de dinheiro dos contribuintes – incluindo daqueles que passam horas nos transportes públicos para ir diariamente trabalhar e ao fim do mês recebem umas centenas de euros –, e que as relações de Berardo com a CGD deram um simpático contributo para tal cogumelo atómico, o desprezo evidenciado sem pejo no Parlamento pelos danos causados aos seus concidadãos foi insuportável de ver.

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