Ciclistas (e não só) fazem vigílias pelo fim da insegurança nas ruas

Após a morte de mais um utilizador de bicicleta em Lisboa vítima de uma colisão com um veículo, várias entidades convocaram vigílias que terão lugar neste sábado. Em Lisboa o encontro ocorrerá pelas 11h30, no Porto pelas 11h e em Braga pelas 22h.

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Manifestação do ano passado LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO

Face à indignação motivada pela morte de mais uma utilizadora de bicicleta em Lisboa, foram convocadas vigílias no Porto, Braga e Lisboa, dia 3 de Julho. As vigílias serão em memória da ciclista de 37 anos que perdeu a vida no sábado passado e de todos os outros que, à sua semelhança, foram vítimas da sinistralidade rodoviária.

No Porto a vigília irá decorrer na Praça da Liberdade pelas 11h, mantendo-se o tráfego automóvel habitual na área. Por sua vez, em Braga a homenagem terá lugar na Praça da República pelas 22h. Em Lisboa e com o mote “Podia ser eu, podias ser tu”, a vigília terá lugar na Avenida da Índia, no local onde ocorreu a colisão. As vigílias serão de acesso livre e aberto a todos e aqueles que se quiserem juntar poderão fazer-se acompanhar pelas respectivas bicicletas (não sendo este factor de carácter obrigatório).

Do Porto a Lisboa e passando por Braga, todas as vigílias serão realizadas de forma pacífica e silenciosa e terão a duração aproximada de 20 minutos. 

A convocatória de Lisboa foi feita através do Facebook, unindo entidades como a MUBi – Associação Pela Mobilidade Urbana Em Bicicleta, a Massa Crítica de Lisboa e a página Ciclovia Na Marginal, que afirmam que “é comum o sentimento de insegurança na via pública devido ao excesso de velocidade praticado. Os utilizadores vulneráveis, pela sua condição, são quase sempre as vítimas da sinistralidade dentro da cidade”.

Em Lisboa, o ponto de encontro será pelas 11h na Rua dos Cordoeiros a Pedrouços. Contudo, os participantes têm também a possibilidade de se juntar directamente à vigília às 11h30 na Avenida da Índia, entre Algés e Belém.

Os organizadores da homenagem pretendem alertar para a necessidade de diminuir o tráfego e limitar a velocidade nas áreas urbanas a 30km/h, fiscalizar os excessos de velocidade e, ainda, repensar a visão de “auto-estrada” associada a áreas como o Campo Grande, a Avenida da Índia e outras artérias com características semelhantes em Lisboa e outras cidades.

As vigílias de dia 3 de Julho ocorrem cerca de um ano depois da vigília que tomou lugar no Campo Grande, onde centenas de pessoas se sentaram no asfalto, em silêncio, homenageando a jovem de 16 anos que fora atropelada enquanto atravessava a passadeira com a bicicleta pela mão. Também nessa vigília, que se repetiu em várias cidades do país, foram pedidas cidades mais seguras e pacíficas.

A organização reiterou também a importância de seguir as normas da Direcção-Geral da Saúde (DGS) no que diz respeito à utilização de máscara e ao distanciamento físico. As vigílias contarão também com a presença e coordenação da Polícia de Segurança Pública, que garantirá o corte temporário do trânsito na avenida.

Mas a onda de solidariedade não fica por aqui. Também o grupo de ciclistas colectivo LisBora vai homenagear a investigadora.

LisBora é um grupo independente de cidadãos que “partilham a paixão pelo ciclismo”. Há mais de um ano que o grupo reúne todas as terças-feiras às 20h no Saldanha e pedala por Lisboa. Frequentemente estes encontros contavam com a presença da vítima da colisão de dia 26.

Por esse motivo, nesta terça-feira, pelas 20h15, o LisBora irá partir do Saldanha em direcção à Avenida da Índia, até ao local do acidente. O grupo procura assim unir-se à vigília que terá lugar no sábado, onde muitos marcarão presença, solicitando mais sensibilização, compreensão e educação por parte do Governo e da Câmara Municipal de Lisboa.

De acordo com o comunicado do grupo, os ciclistas são “cidadãos que desejam desfrutar de uma cidade amigável, limpa e respeitadora dos seus habitantes”.

Texto editado por Ana Fernandes

Texto actualizado às 19h de dia 29 de Junho

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