Primeiro-ministro sueco apresenta demissão uma semana depois de perder moção de censura

Stefan Lofven pediu ao presidente do Parlamento para encontrar uma nova solução de Governo. Se nenhuma coligação for acordada, serão convocadas eleições antecipadas.

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O primeiro-ministro sueco, Stefan Lofven, numa conferência de imprensa, em Estocolmo, Suécia STINA STJERNKVIST/LUSA

O primeiro-ministro sueco Stefan Lofven apresentou esta segunda-feira o pedido de demissão, uma semana depois de ter perdido uma moção de censura no Parlamento, sem anunciar uma data para uma possíveis eleições antecipadas no país.

“Apresentei o meu pedido para terminar as minhas funções enquanto primeiro-ministro”, disse Lofven, numa conferência de imprensa. “Com um ano até às próximas eleições e a meio de uma pandemia, umas eleições antecipadas não são a melhor opção para a Suécia”, acrescentou, deixando ao líder do Parlamento, Andreas Norlén, a tarefa de nomear um novo Governo.

“Sempre disse que devemos procurar o melhor para o país, não podemos entrar em jogos políticos. Estou convencido de que isto é o melhor para o país”, enfatizou, segundo o diário sueco Aftonbladet.

Assim, considerou esta decisão como “a mais difícil” que teve de tomar até à data, dizendo que o presidente do Parlamento “deve iniciar os trabalhos para propor um primeiro-ministro com o apoio do Riksdag [Parlamento sueco]”. Até lá, o Governo mantém-se em funções enquanto Governo de transição.

Nas próximas semanas vão decorrer as discussões, num processo que pode ser prolongado. O bloco de esquerda é liderado por Lofven, e o bloco de direita é liderado por Ulf Kristersson, do Partido Moderado, de centro-direita, apoiado pelos Democratas Suecos, de extrema-direita.

Se nenhuma coligação for acordada, serão convocadas eleições, provavelmente em Setembro, um ano antes das eleições gerais previstas para Setembro de 2022.

Lofven perdeu a moção de censura, apresentada pelos Democratas Suecosa 21 de Junho, depois de o Partido da Esquerda ter retirado o seu apoio ao Partido Social-Democrata por divergências sobre a nova proposta do sistema de rendas imobiliárias. O líder do executivo sueco tinha até à meia-noite para conseguir apoio para formar um Governo, podendo deixar o presidente do Parlamento encarregue de formar um novo Governo ou convocar eleições antecipadas.

Stefan Lofven lidera desde 2018 uma frágil coligação de minoria com o apoio dos Verdes (centro-esquerda), e de dois pequenos partidos de centro-direita, o Partido Popular Liberal e o Partido do Centro. Foram precisos quatro meses para conseguir um acordo parlamentar com um alargado programa de reformas com os dois partidos do centro-direita, depois de umas eleições inconclusivas.

Contudo, desta vez, o cientista político Henrik Ekengren Oscarsson acredita que a formação de Governo será mais rápida, disse à emissora pública sueca. Com a decisão do líder dos sociais-democratas, a responsabilidade fica repartida por mais partidos, refere Oscarsson.

Assim, são evitadas, para já, eleições antecipadas, que poderiam não ser bem recebidas pelo público, que tem vindo a perder a confiança nos políticos suecos, acrescenta.

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