Não subestimemos Viktor Orbán

A paisagem política europeia fragmenta-se. E embora Orbán seja um caso extremo, multiplicam-se os seus imitadores.

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1. Foi um Conselho Europeu tenso e fora do habitual, o último da presidência portuguesa da União. Dois temas dominaram os trabalhos, obrigando a longas horas de debate intenso sobre duas questões fundamentais da vida da União Europeia. A integração europeia tem na sua génese um conjunto de valores democráticos e liberais que constituem o seu mais sólido fundamento. Por isso, é muito mais do que uma simples associação de países que visam prosseguir interesses económicos comuns. Quando esses valores estão em causa é preciso defendê-los. Foi o que a esmagadora maioria dos seus líderes fez na quinta-feira passada, em Bruxelas, diante de mais uma violação descarada desses valores. Não chega a ser uma surpresa. A Hungria iniciou há uma década uma deriva iliberal e autoritária que a tem afastado dos valores que todos os Estados-membros se comprometem a respeitar quando aderem à União Europeia. Desta vez, foi a aprovação de uma lei que discrimina os direitos das comunidades LGBTQ, ao proibir qualquer referência à questão nas escolas até aos 18 anos de idade. O argumento é deixar aos pais a liberdade para escolher os valores com que educam os filhos. A lei, que até pode parecer sensata, é discriminatória porque, bem lida, induz a ideia de que a homossexualidade se transmite por contágio, com uma muito pouco subtil ligação à pedofilia. Os direitos e as liberdades dos indivíduos estão na base das democracias liberais que não permitem, por isso, qualquer espécie de discriminação política, religiosa, étnica, de género ou outra qualquer.

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