Especialistas ponderam dar segunda dose a quem tomou vacina da Janssen para combater variante Delta

Especialistas norte-americanos defendem reforço com outra vacina, da Pfizer ou Moderna, para quem tomou a vacina da Janssen (Johnson & Johnson) devido à variante Delta.

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Eficácia da vacina da Johnson & Johnson é de 66% na prevenção de formas moderadas a severas da doença e contra múltiplas variantes EPA/SANDER KONING

Com o aumento da prevalência da variante Delta no mundo, especialistas norte-americanos defendem a necessidade de quem foi vacinado com o medicamento de toma única da Johnson & Johnson tomar uma dose de reforço da Pfizer ou da Moderna.

O debate centra-se na incerteza da eficácia da vacina da Johnson & Johnson contra a estirpe B.1.617.2, a variante Delta, que pode tornar-se a dominante nos Estados Unidos – tal como já se verifica em Portugal e se prevê que aconteça na Europa.

Alguns especialistas já tomaram esse reforço com uma dose de outra das vacinas, mesmo sem a existência de estudos que mostrem que a combinação das vacinas diferentes é segura e eficaz.

“Não há dúvidas de que as pessoas que receberam a vacina da Johnson & Johnson estão menos protegidas contra a doença”, explica Michael Lin, académico de Stanford, citado pela Reuters. “Seguindo o princípio de dar passos simples para prevenir consequências gravosas, não me parece que seja difícil tomar esta decisão”. 

Ao contrário da Europa, onde vários países (incluindo Portugal) já permitem que as pessoas sejam imunizadas com duas doses de laboratórios diferentes, no caso das vacinas de duas doses, nos Estados Unidos o organismo regulador não tem ainda directivas nesse sentido.

O Centro de Controlo e Prevenção das Doenças dos Estados Unidos (CDC, sigla em inglês) não recomenda reforços, e os consultores da agência disseram esta semana em reunião que ainda não há provas significativas de diminuição da protecção da vacina da Johnson & Johnson face à variante Delta.

O Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas (NIAID) também está a realizar um ensaio para determinar se é necessário ou não reforçar a imunização daqueles que tomaram o medicamento da Johnson & Johnson com uma dose da vacina da Moderna. O investigador John  Beigel disse à Reuters que o instituto espera ter essas conclusões até Setembro para informar os órgãos reguladores. Até lá, a não ser que o número de hospitalizações provocadas pela variante Delta aumente significativamente, o cientista do NIAID entende ser “apropriado esperar”.

Por outro lado, estudos britânicos mostram que duas doses da vacina da Pfizer/BioNTech ou da AstraZeneca são significativamente mais eficazes contra a variante do que uma dose apenas. Enquanto as vacinas da Pfizer e da Moderna mostraram uma eficácia a rondar os 95%, a da Johnson & Johnson foi de 66% na prevenção de formas moderadas a severas da doença e contra múltiplas variantes.

A Johnson & Johnson já comunicou que está a testar a resposta imunológica da vacina contra a variante Delta, mas não há ainda dados disponíveis.

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