Autárquicas: cada partido prefere a sua data e o Governo prefere 26 de Setembro

Governo ouve partidos antes de tomar decisão final sobre a data, no próximo Conselho de Ministros.

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Eleições decorrerão em contexto de pandemia Rui Gaudencio

O Governo começou nesta sexta-feira a fazer as audições para escolher a data em que se realizam as eleições autárquicas e todas as datas possíveis já foram sugeridas: 26 de Setembro (PS, Bloco, IL e Chega), 3 de Outubro (PAN) e 10 de Outubro (PSD, PCP, PEV e CDS). A decisão será tomada na próxima reunião do Conselho de Ministros. De acordo com a lei, as eleições realizam-se entre os dias 22 de Setembro e 14 de Outubro e têm de ser marcadas por decreto governamental com 80 dias de antecedência.

À saída de reunião com o executivo, a Iniciativa Liberal (IL) deixou antever que há uma “data expectável” e que o partido não se opõe a que seja essa a escolhida. "Sentimos que o Governo está mais inclinado para 26 de Setembro, data que nos parece expectável e à qual não nos iremos opor”, afirmou Rodrigo Saraiva, porta-voz da Iniciativa Liberal, na Assembleia da República.

Em relação aos três domingos em que é possível ir a votos — 26 de Setembro, 3 e 10 de Outubro a IL considerou que o dia 3 é o menos desejável pela proximidade em relação ao feriado de terça-feira, 5 de Outubro. A mesma leitura fizeram o Bloco e o PEV. Mas essa é justamente a “data ideal” para o PAN.

“No nosso caso, sinalizámos que o 3 de Outubro poderia ser a data ideal, mas tem sido anunciada a preferência do Governo pelo 26 de Setembro. No entanto, o Governo irá até ao final da semana tomar uma decisão que iremos respeitar”, afirmou Inês de Sousa Real, porta-voz do PAN.

A líder parlamentar do partido aproveitou para considerar “lamentável” que o Parlamento não tenha aprovado o seu diploma para “desdobrar o acto eleitoral em dois dias”.

O PS (último partido a ser recebido) mostrou-se em sintonia com o Governo ao apontar a data de 26 de Setembro para as eleições, justificando a escolha com o clima e a possibilidade de fazer uma campanha ao ar livre. “Propusemos que o dia 26 de Setembro fosse a data a considerar pelo Governo, no âmbito das suas competências legais, para a marcação das eleições autárquicas”, assumiu o deputado Pedro Cegonho.

Beatriz Gomes Dias, que é deputada e candidata do Bloco a Lisboa, disse que o partido “não se opõe a que seja 26 de Setembro, tendo em conta o facto de ser possível fazer campanha num período em que as temperaturas serão mais altas, permitindo a realização de iniciativas” no exterior. “Essa é a data que consideramos que pode responder melhor à situação actual que estamos a viver.”

Além do Governo, da IL e do Bloco, o dia 26 de Setembro é também o preferido do Chega e foi isso que André Ventura explicou aos jornalistas no final da reunião com o Governo. “No que respeita à evolução da covid-19, defendemos que a probabilidade de haver pressão hospitalar menor será em Setembro e não em Outubro. É importante evitar-se uma campanha eleitoral com restrições, inclusivamente com confinamentos”, disse.

Com o argumento de que é importante separar as autárquicas do processo orçamental, André Ventura acrescentou que a opção de 10 de Outubro não é desejável

Opinião diferente têm PSD, PCP, PEV e CDS, que preferem o dia 10. Para os sociais-democratas (que chegaram a propor eleições em Novembro ou Dezembro) as autárquicas devem realizar-se no último domingo possível, por permitir a vacinação de mais pessoas, uma campanha eleitoral mais extensa e não coincidir com o arranque do ano electivo. “Havendo a possibilidade de se poder fazer mais tarde, a opção do PSD é dia 10 de Outubro”, afirmou a deputada Isaura Morais.

Jorge Cordeiro, do PCP, desvalorizou a coincidência com a data limite para entregar o orçamento e considerou que os dois processos são muito distintos. “Pronunciámo-nos pela ideia de que 10 de Outubro seria uma data razoável, lembrando que já tivemos eleições a 11 e a 9 de Outubro”, informou.

Também para os escologistas, o dia 10 de Outubro é a primeira opção. “Se a opção for 26 de Setembro, o início da campanha eleitoral ficará praticamente em cima do início do ano escolar, o que não parece adequado”, afirmou André Martins, candidato da CDU à Câmara de Setúbal, esclarecendo que no caso do dia 3 o problema é ser uma antevéspera de feriado. “Também não nos parece adequada, sobretudo tendo em conta a possibilidade de se fazer ponte.”

Do lado do CDS, Pedro Melo disse que “dentro da janela temporal possível, 10 de Outubro é a data mais adequada”. Para o vice-presidente do CDS, nessa altura, a probabilidade de haver “imunidade de grupo é maior do que em 26 de Setembro".

As reuniões que estão a realizar-se nesta sexta-feira contam com a presença dos ministros da Administração Interna, Eduardo Cabrita, e da Administração Pública, Alexandra Leitão, e do secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro.

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