Cartas ao director

A tortura dos impostos e a escravatura

A feroz carga de impostos a que o cidadão comum está sobrecarregado, sempre crescente, muitas vezes disfarçada de taxas específicas e localizadas, está a reduzir-nos à condição de escravos da mais baixa categoria, pois os antigos senhores estavam obrigados, até para seu interesse, a fornecer aos desgraçados habitação e comida, em oposição aos actuais que pouco lhes interessa que uma renda de casa, em muitas das regiões onde há trabalho, seja superior ao salário mínimo nacional, pois o Estado recobra do senhorio 25% da renda auferida.

Não pode ser moda lançar impostos e taxas a esmo, conforme as entidades nacionais ou locais entendem. O Estado foi-se apoderando de todas as propriedades, passando a usufruir apenas dos rendimentos, sem responsabilidade nos encargos de manutenção. Para além de taxas e taxinhas sobre todos os serviços ligados às redes, sejam esgotos, água, electricidade, etc., os edifícios pagam na escritura o Imposto de Selo de 10%, ou seja, por cada nove prédios transaccionados, para além de outros encargos, o Estado cobra o valor de um. Depois, para além do IMI, se o edifício for alugado, 25% da renda paga pelo locatário é entregue ao Estado em imposto pago pelo proprietário. Em cada três situações de aluguer o Estado cobra tanto como qualquer senhorio individualmente.

Deixo para traz, taxas nas pontes, nas auto-estradas, de parqueamento, selo do carro, inspecção periódica, impostos monstruosos nos combustíveis, renovações periódicas de documentos, que em países, também civilizados, não existem, para além de taxas locais, e uma justiça caríssima que o cidadão quando necessita tem de suportar. É um nunca mais acabar, pois qualquer documento ou certidão tem custo desmesurado.

Joaquim Carreira Tapadinhas, Montijo

É preciso compreender…

A chegada de dinheiro proveniente da UE com o intuito de desenvolver o nosso país, a bom da verdade, sempre teve vozes contestatárias. Todavia, mais recentemente, a comissária europeia Elisa Ferreira foi peremptória em dizer: Portugal devia deixar de ser um país de coesão. E, segundo a mesma, com tantos anos de apoio é penoso ver que somos ainda um dos países atrasados. Algo que, no meu entender não é plausível, embora possamos dizer que há outros países que souberam rentabilizar os fundos de coesão europeia de forma exemplar. Porém, surgem ainda algumas opiniões (…) neste contexto que pretendem menosprezar os progressos socioeconómicos ao dizerem que os referidos auxílios já mencionados não só não transformaram coisíssima nenhuma como têm sido obstáculo à concorrência de verdadeiras transformações. Enfim, é preciso compreender e respeitar a opinião de cada um, mas, perante as evidências dos factos e as necessidades do país em que vivemos, urge continuar a construirmos o nosso futuro colectivo.

Manuel Vargas, Aljustrel

O perdão em Valter Hugo Mãe

O escritor Valter Hugo Mãe foi galardoado com o Grande Prémio APE do Romance e Novela com o livro Contra Mim. Nestes conturbados tempos, a mensagem de intervenção social e de inquietação pessoal é um estímulo para alicerçar fraternas pontes de relações humanas. As pessoas precisam de palavras que as façam pensar. As pessoas precisam de quem as faça viver melhor. No entanto, na escrita fraterna do autor de A Máquina de Fazer Espanhóis, ressalta a mensagem cristã do perdão. Saber perdoar não está ao alcance de qualquer pessoa. Saber perdoar é caminho para saber pedir perdão. ”Quem não sabe perdoar, só sabe coisas pequenas”, escreveu Valter Hugo Mãe, em A Desumanização.

Ademar Costa, Póvoa de Varzim

Viagens: a falta de regras comuns na UE

A gestão das medidas sanitárias aplicáveis às viagens entre países da UE e a entrada oficial em vigor do Certificado Digital Covid-19, em Julho, com o comprovativo de teste – negativo, recuperação ou vacinação anti-covid-19 -, apontam, supostamente, à recuperação da livre circulação a partir do Verão no espaço europeu.

Sendo que mesmo com o certificado os países podem obrigar a mais testes ou impor quarentena, sem uma regra homogénea europeia. Angela Merkel, criticou – e muito bem - esta falta de regras comuns na UE quanto a viagens. Referindo como exemplo a autorização dada por Portugal à entrada de turistas, como os britânicos, o que provocou o aumento dos contágios no país que poderia ter sido evitado.

Merkel disse também que “fizemos progressos bastante bons nos últimos meses, no que toca à pandemia, mas ainda não estamos onde gostaria que a UE estivesse”. Tem toda a razão e a unidade da UE não se nota só na falta de democracia, por exemplo da Hungria, mas nesta falta de coordenação na saúde.

Augusto Küttner de Magalhães, Porto

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