O Centro de Convívio e Cultural das Areias vai servir a “comunidade esquecida” de Azevedo, em Campanhã

Situado no renovado edifício da antiga Associação Gabinete de Recreio de Azevedo de Campanhã, o novo espaço vai agregar várias valências, como centro de convívio, sala de espectáculos e sede de associativismo. O momento simbólico de inauguração decorreu esta quinta-feira.

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A esplanada é um dos chamarizes do novo espaço social e cultural de Campanhã Nelson Garrido
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A sala de convívio, no rés-do-chão, pode ser transformada em sala de espectáculos Nelson Garrido
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A fachada da antiga Associação Gabinete de Recreio de Azevedo de Campanhã Nelson Garrido

Ao início da tarde, o sol vai alto, mas não há quase ninguém na estreita rua das Areias, em Azevedo, lugar da freguesia de Campanhã na fronteira com Gondomar, realidade que pode estar prestes a mudar com a abertura do Centro de Convívio e Cultural das Areias no nº59. Anunciado em 2019, altura em que a Junta de Freguesia de Campanhã adquiriu o edifício da histórica Associação Gabinete de Recreio de Azevedo de Campanhã para ali instalar um centro social e cultural – intenção viabilizada pelos 100 mil euros do orçamento colaborativo entregues à junta pelo município –, o projecto pretende colmatar a falta de espaços de socialização e de equipamentos públicos neste território. “Quis-se dar a isto um cunho idêntico ao que era [no tempo da associação], um centro onde as pessoas da zona vinham conviver”, conta Ernesto Santos, presidente da Junta de Campanhã, ao PÚBLICO.

Para isso, o edifício terá, no rés-do-chão, uma sala de convívio apoiada por um bar, onde os campanhenses se poderão sentar à conversa, jogar cartas ou ver televisão, e que poderá ser convertida em sala de espectáculos sempre que necessário, voltando-se as cadeiras para o palco encaixado ao fundo da sala. O primeiro piso dividir-se-á em dois salões de reuniões para actividades associativas e uma esplanada com vista para a paisagem rural envolvente. O projecto é do arquitecto Jorge Garcia Pereira, que nota que, embora ainda não esteja finalizado, “o espaço vai estar sempre em construção, porque a ideia é servir a comunidade.”

Programação a cargo das associações

Na sua vertente social e de lazer, o centro deverá contar com “pelo menos um funcionário permanente” da Junta, assinala o autarca. Quanto à cultura, pretende-se que sejam “as próprias associações de Campanhã a programar e a gerir o espaço”. “Isto também funcionará como um apoio ao auditório [da Junta de Freguesia], que tem um excesso de pedidos [de artistas e colectivos da zona].” No fundo, o objectivo é que sejam as próprias colectividades a fazer propostas de actividades e espectáculos para aquele espaço, gerando-se ali uma oferta artística e cultural até agora inexistente, e que pode devolver a vida a uma geografia esquecida

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A sala de convívio é apoiada por um pequeno bar Nelson Garrido

“Esta zona está a ficar demasiadamente isolada e este centro pode ser o pontapé de saída para que mesmo a câmara [do Porto], com as obras que estão previstas para Campanhã, consiga fazer alguns investimentos aqui”, acredita Ernesto Santos. Este é um cenário plausível também para Fernando Paulo, vereador com os pelouros da habitação e coesão social e da educação, que considera que “a freguesia está com grande vitalidade e pujança”. “De certa forma, está a recuperar do atraso de algumas décadas.”

Sinalizar as carências da população

Segundo o independente, o novo espaço “versátil e polivalente” vai permitir ter um “equipamento de proximidade com a população” para promover a ocupação dos tempos livres e o envelhecimento activo e saudável, uma aposta especialmente pertinente numa freguesia com muita população idosa e vulnerável. Nesse sentido, o centro constituirá, também, “uma forma de acompanhar uma comunidade esquecida em questões de saúde e solidão e sinalizar [os mais frágeis]”, sublinha Jorge Garcia Pereira. 

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O edifício tem um terreno de 800m2 onde deverá ser construído um espaço verde Nelson Garrido

O espaço acolherá, ainda, o espólio do histórico Gabinete, até agora guardado por Fernando Duarte, sócio e fiel depositário. Veio aqui parar pela mão do avô, fez-se sócio em 1965 e foi presença assídua na associação até à sua extinção, em 2004. É uma espécie de biblioteca de carne e osso da centenária instituição, por isso acompanhou todo o processo de compra e restauro do edifício. “Estou satisfeito, claro”, admite. “Queria que se preservasse isto”. Falta acabar o piso de cima, montar o elevador e plantar árvores no exterior, mas a segunda vida do prédio começa nos próximos meses.

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