Parte do mosteiro de Santa Cruz foi demolida. Agora é possível visitá-la

Até sábado, em Coimbra, a Máquina do Tempo 890 permite visitar o antigo complexo como ele era, em 1834.

Foto

A torre sineira do mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra, veio abaixo na década de 1930, numa altura em que já se encontrava em estado de ruína. Apesar de ainda resistirem alguns elementos do velho mosteiro – como a igreja de Santa Cruz, que serve de panteão nacional, ou o Jardim da Manga, outrora fechado num claustro - é hoje difícil ter uma ideia da verdadeira dimensão do complexo que chegou ao início do século XX. <_o3a_p>

O projecto Máquina do Tempo 890, que está disponível em Coimbra, no Museu Nacional Machado de Castro e no café de Santa Cruz até sábado, dia 26, permite visitar, ainda que de forma virtual, parte desse património desaparecido. Mas essa não é a única vertente de uma iniciativa que pretende oferecer um outro ângulo de visão sobre a história do Mosteiro de Santa Cruz. Aqui, a “máquina do tempo” assume a forma de óculos de realidade virtual. <_o3a_p>

O director artístico deste projecto, Ricardo Kalash, explica ao PÚBLICO que o objectivo era olhar para o mosteiro nas suas várias facetas, “como local de culto, como património edificado, com as suas obras de arte, mas também na componente imaterial”. E exemplifica: “nos séculos XVI e XVII, os monges de Santa Cruz estavam na vanguarda da produção musical europeia e foi esse um dos aspectos que mais trabalhámos”. Isto significa que quem fizer esta visita virtual tem acesso a elementos que “as pessoas normalmente não têm quando visitam o mosteiro”, acrescenta. Esta experiência “mais individualizada” foi pensada para tempos de pandemia, mas há também visitas guiadas pelo espaço físico dos monumentos. <_o3a_p>

A Máquina do Tempo 890 – cujo número assinala o aniversário do início da construção do mosteiro, em 1131 – contém sete filmes, que podem assumir um formato mais próximo da visita guiada e da performance, embora sejam sempre ligados ao mosteiro. O projecto está integrado na oitava edição do Sons da Cidade, uma iniciativa da Associação Ruas – que junta universidade, município e Direcção Regional de Cultura do Centro – para assinalar a classificação da Alta e Sofia como património da humanidade pela UNESCO. A programação desta edição assume o mote “Viagens às Origens do Património Classificado”. <_o3a_p>

O visitante virtual pode encontrar o conjunto de edifícios como era em 1834, ano em que foram extintas as ordens religiosas, por causa de um trabalho de modelação 3D, dirigido pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, que entra como um dos parceiros. Parte importante da cidade actual, como a Avenida Sá da Bandeira, que liga a Alta à Baixa da cidade, foi rasgada sobre os escombros de parte do antigo mosteiro, nomeadamente da sua ala Norte. O mesmo aconteceu com o edifício da câmara municipal. Num dos vídeos é possível subir à torre sineira. <_o3a_p>

Noutro, é-nos apresentada uma reflexão dramatizada sobre a Última Ceia, conjunto escultórico da autoria de Hodart, que estaria instalada no refeitório do mosteiro. O que chegou até hoje das figuras em terracota constitui uma das principais exposições do Museu Nacional Machado de Castro, cuja directora, Maria de Lurdes Craveiro serviu como consultora neste projecto. Também os docentes da Universidade de Coimbra Pedro Martins (Departamento de Engenharia Informática), Rui Lobo (Departamento de Arquitectura e Projecto Santa Cruz) e Paulo Estudante (Faculdade de Letras) integraram o painel de consultores. <_o3a_p>

Com o fim do projecto, o equipamento da máquina do tempo é legado ao Museu Nacional Machado Castro e ao Mosteiro de Santa Cruz (diocese de Coimbra). <_o3a_p>

Sugerir correcção
Comentar