Alemanha sofre para evitar eliminação

Hungria esteve a vencer em Munique até aos instantes finais, despedindo-se do Euro 2020 com o orgulho de ter empatado com alemães e franceses.

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LUSA/Kai Pfaffenbach / POOL

A Alemanha empatou (2-2) esta quarta-feira, em Munique, com a Hungria, evitando nos instantes finais uma eliminação difícil de explicar. Um golo de Goretzka, aos 84’, confirmou o segundo lugar dos germânicos e o adeus da formação magiar, última do “grupo da morte”. 

Sem surpresa, a selecção da Hungria posicionou-se no seu habitual bloco, escorado em oito unidades perfeitamente identificadas como uma verdadeira trincheira que desafiava a Alemanha a carregar.

Com Gnabry no lugar de Thomas Müller, a “Mannschaft” entrava mentalizada para um jogo de paciência, com Hummels e Rüdiger a assegurarem a gestão do espaço deixado por preencher pelo adversário, o que dava a Ginter a possibilidade de subir e funcionar mais como lateral, levando a equipa a colocar maior pressão nos corredores e a deixar apenas Kroos de prevenção para uma eventual transição.

A Hungria estava confortável com a abordagem pouco autoritária e até algo complacente dos alemães, ainda que a sensação de relativa segurança pudesse acabar bruscamente numa incursão como a de Kimmich, logo aos 4’, providencialmente travada pela luva de Gulácsi.

Distante da intensidade da entrada que surpreendeu a França, em Budapeste, os húngaros testaram, ainda assim, em jeito de resposta, a atenção de Hummels, acabando por deixar o Allianz Arena em choque pouco depois, numa assistência primorosa de Sallai para o companheiro Ádám Szalai mergulhar de cabeça e bater Neuer (11').

Sem mexer um nervo da face, a Alemanha manteria a calma e o plano de jogo, embora do lado húngaro houvesse, a partir desse momento, um reforço ainda mais positivo da estratégia de Marco Rossi.

Nessa altura, os alemães estavam virtualmente fora do Euro 2020, o que aparentemente não provocava convulsões. Numa visita à área magiar, Hummels cabeceou mesmo para a devolução da barra, dando indicações de que Joachim Löw tinha tudo sob controlo.

O único problema, numa noite de dilúvio, residia na falta de acutilância de oportunidades criadas pelos germânicos. Gosens, figura no jogo com Portugal, não tinha um palmo de terreno e, apesar das estatísticas, especialmente da esmagadora posse de bola, a verdade é que em matéria de remates enquadrados estava tudo muito equilibrado.

O intervalo chegava e as aspirações da Hungria continuavam intactas. Sem capacidade para acelerar o processo ou atrair o opositor de forma a abrir os espaços necessários para marcar e evitar um desfecho escandaloso, a Alemanha recebia uma notícia importante de Budapeste, onde a França acabava de dar a volta ao jogo, poupando, momentaneamente, trabalhos forçados à “Mannschaft”.

Situação prontamente corrigida por Portugal, o que mostrava aos alemães quão fina era a linha de fronteira entre continuar ou sair de cena e que só podiam contar com o que fossem capazes de fazer em Munique para evitar a eliminação.

E foi assim que, numa altura em que Joachim Löw se preparava para enviar Thomas Müller para desbloquear o jogo, Kai Havertz fez o que lhe competia, igualando o encontro na sequência de um livre de Kroos e de uma saída em falso de Gulácsi a permitir o cabeceamento de Hummels e a emenda do avançado do Chelsea.

A Alemanha respirava de alívio, mas estava longe de imaginar que no minuto seguinte teria de começar tudo de novo. A Hungria levou a bola ao centro e, em meia-dúzia de toques, recuperou o comando com um golo de Schäfer, mais uma vez de cabeça, a surpreender toda a defesa germânica com um desvio que não deu hipóteses de defesa a um Neuer que teve uma saída precipitada.

O caso parecia cada vez mais sério, com o jogo a avançar para os minutos finais e a Alemanha obrigada a fazer qualquer coisa, o que acabou por conseguir a seis minutos dos 90, num golo de Goretzka, decisivo para colocar a Hungria em sentido e poupar a Alemanha a uma humilhação difícil de explicar.

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