Morcegos reduziram pragas nas culturas do Vale do Tua

O Parque Natural Regional do Vale do Tua começou, em Fevereiro de 2017, a colocar caixas-abrigo para morcegos, que ajudam no combate a pragas, como insectos, o que torna desnecessário o uso de pesticidas e outros químicos.

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Paulo Pimenta

O programa de combate a pragas agrícolas com morcegos no Parque do Tua demonstrou que estes predadores naturais contribuíram para a redução dos prejuízos nas principais culturas, sem recurso a pesticidas, disse nesta terça-feira o director, Artur Cascarejo.

Os resultados do programa iniciado há quatro anos no Parque Natural Regional do Vale do Tua, em Trás-os-Montes, serão divulgados durante o mês de Julho, mas o director adiantou já à Lusa que “foi um sucesso” no combate às pragas em culturas como a vinha, olival e sobreiral.

“Porque elimina as pragas agrícolas nestes três produtos essenciais do nosso território, sem agro-químicos, sem pesticidas e, portanto, de uma forma biológica, natural, no fundo num serviço de ecossistema”, afirmou.

De acordo com o director do parque, “provou-se que 75% da dieta alimentar dos morcegos tinha a ver com as maiores pragas destas três culturas e, por isso mesmo, os agricultores ficaram extraordinariamente satisfeitos com o resultado final”.

O programa resultou de uma candidatura ao Fundo Ambiental e foi executado com o apoio especializado do Centro de Investigação em Biodiversidade da Universidade do Porto.

Dos resultados irá surgir também, como disse à Lusa, “um guia de boas práticas para quem quiser aproveitar este exemplo e aplicá-lo noutros territórios”.

“O resultado foi de tal forma espectacular que o biólogo que esteve a trabalhar connosco, em função desse trabalho, ganhou uma bolsa e está, neste momento, a trabalhar na Áustria a desenvolver um doutoramento nesta área”, contou.

O Parque Natural Regional do Vale do Tua começou, em Fevereiro de 2017, a colocar caixas-abrigo em terrenos agrícolas para criar condições para a presença dos morcegos, tendo em conta que estes pequenos predadores ajudam no combate a pragas, como insectos, o que torna desnecessário o uso de pesticidas e outros químicos para defender as culturas agrícolas.

Ao todo, foram espalhadas pelo parque uma centena de caixas com o intuito de aumentar o número de colónias de morcegos nos sistemas agrícolas e florestais, de maior relevância na área do parque, concretamente, as vinhas, os olivais e as florestas de sobreiro.

Os responsáveis acreditam que “este projecto poderá constituir um excelente exemplo onde a investigação científica está ao serviço do desenvolvimento sustentável, esperando deste modo que o modelo de gestão do parque se possa disseminar ao nível regional e nacional”.

O parque abrange os concelhos de Alijó e Murça, no distrito de Vila Real, e Mirandela, Carrazeda de Ansiães e Vila Flor, no distrito de Bragança.

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