Inglaterra defronta checos com olho no empate

Admirador de Beckham na infância, Patrik Schick tinha poucos meses quando a República Checa chegou à final do Euro 1996.

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Patrik Schick celebra o golo apontado à Croácia LUSA/Andy Buchanan / POOL

O Estádio de Wembley desperta quase sempre sentimentos agridoces entre os adeptos checos. Foi aqui que a selecção da República Checa disputou há 25 anos a primeira e única final de uma grande competição, após a separação da Checoslováquia. Acabou derrotada pela Alemanha (2-1) no Euro 1996, mas imortalizou uma geração de enorme talento. Esta terça-feira à noite, voltam ao palco de Londres para defrontar a Inglaterra (20h, SPTV1) e decidir o vencedor do Grupo D do Euro 2020.

Patrik Schick é o jogador checo do momento. Apontou os três golos da sua selecção nos dois primeiros encontros da fase de grupos, um dos quais – um chapéu do meio-campo à Escócia – é candidato ao melhor da competição. Nascido no mesmo ano do Euro de Inglaterra, numa família ligada ao negócio da confeitaria, o agora atacante dos alemães do Bayer Leverkussen ouviu, desde pequeno, histórias sobre a campanha heróica de 1996.

Depois do segundo lugar num grupo que incluía a Alemanha (derrota, por 2-0), Itália (triunfo por 2-1) e Rússia (empate a três bolas), os checos afastaram nas meias-finais uma das melhores selecções portuguesas de sempre, com um golo – outro chapéu memorável –, de Karel Poborsky. Nas meias-finais bateram a França nas grandes penalidades, após um nulo no marcador no tempo regulamentar, acabando novamente parados pelos germânicos na derradeira partida.

Apesar do feito inédito dos seus compatriotas, a grande referência da infância de Patrik Schick não constava dos anais futebolísticos checos. O pretendente a jogador preferia vestir sempre uma camisola da selecção inglesa, com o nome de David Beckham nas costas. O ex-futebolista do Manchester United e do Real Madrid foi um inspirador e uma referência. Queria ser tão habilidoso como ele.

Esta noite, é provável que Beckham esteja nas bancadas de Wembley e até poderá desejar que a República Checa não saia derrotada, como muitos outros adeptos ingleses. A explicação é simples. As duas selecções estão neste momento empatadas com quatro pontos nas duas primeiras posições do Grupo D, com vantagem para o conjunto de Schick. Um empate colocaria ambas directamente nos oitavos-de-final, mas a questão será saber se alguma deseja verdadeiramente acabar esta fase como líder.

É que o vencedor tem encontro marcado na fase seguinte com o segundo classificado do Grupo F, ou seja, com França, Alemanha ou Portugal, que só irão definir posições na próxima quarta-feira. Nenhum é um adversário desejável.

Mais sorte poderá ter a selecção que terminar em segundo (a Inglaterra, em caso de empate), que irá defrontar o também segundo posicionado no Grupo E: Suécia, Eslováquia, Espanha ou Polónia. Com excepção dos espanhóis, os restantes seriam bem-vindos.

Já uma derrota na partida de Wembley poderia facilitar ou complicar as contas da República Checa e Inglaterra. Com um desaire em Londres, a equipa centro-europeia garantiria a segunda posição se a Escócia vencesse ou empatasse com a Croácia no outro jogo deste grupo (20h, TVI). O pior cenário para os checos (e ingleses) seria ficarem na terceira posição. Tal só ocorreria se a Croácia vencesse a Escócia e ficasse com uma melhor diferença de golos (actualmente os checos têm três de vantagem).

No caso da Inglaterra, um triunfo vale o primeiro lugar, um empate o segundo e uma derrota, associada a um triunfo da Escócia, com uma melhor diferença de golos (o conjunto liderado por Gareth Southgate tem três de vantagem) relegaria a selecção para terceiro.

Esta partida, que promete bastante calculismo, será arbitrada por uma equipa portuguesa liderada por Artur Soares Dias, que se estreou neste Euro no encontro Turquia-País de Gales, da segunda jornada do Grupo A.

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