A música parou nas lendárias discotecas de Beirute

Beirute era “conhecida como uma das cidades com as melhores festas do mundo”, mas as discotecas continuam encerradas devido à pandemia e à explosão no porto da cidade em 2020. “Agora, como se vê, não há nada para fazer”.

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The Grand Factory Reuters
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Nas discotecas mais famosas de Beirute, onde o jet set do Médio Oriente dançava até de madrugada, a música parou e o pó vai-se acumulando em cima das bolas de espelho das pistas abandonadas e edifícios destruídos.

Enquanto as discotecas recuperam da pandemia e, ao mesmo tempo, da explosão no porto da cidade em 2020 que causou vários estragos e uma terrível crise financeira, os libaneses restringem-se aos pubs.

Além do encerramento de milhares de postos de trabalho, o colapso da economia levou à redução de 90% do valor da moeda local, relativamente ao dólar americano, deixando mais de metade da população abaixo do limiar da pobreza.

Aos poucos, as restrições da covid-19 vão sendo levantadas, mas a explosão em Beirute não só matou centenas de pessoas como deixou várias áreas da cidade destruídas, incluindo algumas das maiores discotecas da cidade.

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O1NE Emilie Madi/Reuters

“Estamos na AHM ou no que resta dela, após o 4 de Agosto”, conta Samer Makarem, o chefe de marketing da Factory People (proprietária das discotecas AHM e The Grand Factory), enquanto aponta para um prédio sem telhado e para os estilhaços no chão. “No Líbano a vida nocturna costumava ser famosa. Beirute é conhecida como uma das cidades com as melhores festas do mundo”, conta à Reuters. “Todos os fins-de-semana vinham os melhores DJ.”

A AHM e a The Grand Factory encontram-se a metros do porto de Beirute, onde 2 700 toneladas de nitrato de amónio explodiram no Verão de 2020. Segundo Makarem, o custo de renovação das duas discotecas ultrapassa os 500 mil dólares, um valor assustador e difícil de alcançar.

Do lado de fora de um bar, nas proximidades de Mar Mikhael, onde vários estabelecimentos já se encontram recuperados, está Issa Kaaki que fala sobre o encerramento das discotecas. “Agora, como se vê, não há nada para fazer. Apenas desces, pegas na tua bebida e mais nada. Antes festejávamos, divertíamo-nos e agora não há nada.”

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O telhado da B018 ISSAM ABDALLAH/Reuters
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Jad Nassar, gerente da B018 EMILIE MADI/Reuters

Não muito longe, a BO18 costumava atrair libaneses e turistas que dançavam a noite inteira, até o telhado da discoteca abrir para se ver o nascer do Sol. “Agora estamos fechados, o estilo de vida mudou”, conta Jad Nassar, gerente da BO18.

A poucos metros do porto de Beirute e construída maioritariamente no subsolo, a discoteca de Nassar ficou com o sistema de som, com o telhado e outras infra-estruturas bastante danificadas. Já podia estar novamente a funcionar, mas as restrições devido ao novo coronavírus impediram a abertura.

“Eu costumava frequentar a AHM, a Garten, a BO18 e a Project das 20h até às 5h da madrugada, bebia, aproveitava a vida e conhecia pessoas novas”, conta Mahmoud Kanso, um estudante.

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