Governo sueco enfrenta moção de censura e pode cair na segunda-feira

A moção de censura foi apresentada pelo partido de extrema-direita Democratas Suecos e tem o apoio da direita e do Partido da Esquerda.

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O primeiro-ministro sueco, Stefan Lofven, numa conferência de imprensa em Estocolmo Lars Schroder/TT/EPA

Falhada uma derradeira tentativa de acordo parlamentar neste domingo, o Governo sueco pode estar à beira do colapso caso o Parlamento aprove a moção de censura que vai ser votada na segunda-feira.

A moção foi apresentada na semana passada pelos Democratas Suecos, de extrema-direita, depois de o Partido da Esquerda, que costuma aliar-se com o primeiro-ministro Stefan Lofven para aprovar legislação, ter retirado o seu apoio ao plano de liberalização do sistema de rendas imobiliárias.

Seguindo a tradição sueca da política de consenso, o Partido Social-Democrata, de centro-esquerda, lidera uma frágil minoria desde 2018, com os Verdes, tendo fechado um acordo parlamentar para um amplo programa de reformas com os dois partidos do centro-direita.

Numa das concessões ao Liberais e ao Partido do Centro, Lofven concordou com a apresentação de uma proposta para abolir com as negociações sobre as rendas de novos apartamentos. O primeiro-ministro, que tem um historial de sobreviver a conflitos aparentemente sem resolução, emendou a reforma e propôs negociações entre os proprietários e as organizações de inquilinos na esperança de ser aceite pelo Partido da Esquerda.

Contudo, a proposta foi recusada. A líder de esquerda, Nooshi Dadgostar, que formou uma aliança improvável com a oposição nacionalista e conservadora na semana passada, descreveu a proposta do primeiro-ministro como uma “ameaça política” inegociável.

“Temos dito constantemente que as negociações não podem acontecer com base nesta proposta”, disse Dadgostar. Por isso, “seguindo o aviso que recebemos este domingo, o Partido da Esquerda vai votar vermelho na segunda-feira contra Stefan Lofven”.

Os outros dois partidos da direita sueca também demonstraram a sua intenção de apoiar o voto de censura ao Governo.

Se Lofven perder a moção de censura – o que parece provável –,​ pode demitir-se e encarregar o Parlamento de formar um novo executivo, ou agendar eleições antecipadas, algo que não acontece desde 1958. Independentemente do resultado, as eleições nacionais de Setembro do próximo ano devem realizar-se como previsto.

“Esperamos que outros partidos políticos estejam preparados para ser responsáveis e não forçar uma crise política na Suécia”, disse o primeiro-ministro numa conferência de imprensa.

Segundo o Financial Times, as sondagens mostram que, se o Governo cair, tanto a esquerda como a direita podem ter dificuldades em formar uma coligação maioritária, indicando que podem avizinhar-se negociações difíceis. Mas também há a possibilidade de Lofven continuar no cargo como líder de um governo interino.

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