Covid-19: utentes devem aguardar contacto para agendarem segunda toma da vacina da AstraZeneca

A Direcção-Geral da Saúde decidiu encurtar o intervalo entre a primeira e a segunda dose da vacina da AstraZeneca, de 12 para oito semanas, para se atingir mais depressa a vacinação completa face à ameaça de novas variantes do vírus.

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A Direcção-Geral da Saúde reduziu o intervalo da toma da segunda dose da vacina da AstraZeneca de 12 para oito semanas Rui Gaudêncio

Quem já recebeu a primeira dose da vacina da AstraZeneca deve aguardar o contacto das autoridades de saúde para receber a segunda dose e completar o esquema vacinal, informou esta quinta-feira a ministra Mariana Vieira da Silva. Esta informação foi confirmada ao PÚBLICO pela taskforce de vacinação, que adiantou que o agendamento será feito através de SMS ou com uma chamada para o utente. 

O intervalo da toma da segunda dose da vacina da AstraZeneca foi reduzido de 12 para oito semanas para garantir “mais rápida protecção” perante a transmissão de novas “variantes de preocupação” do vírus SARS-CoV-2, segundo a Direcção-Geral da Saúde. 

A recomendação consta da norma da Direcção-Geral Da Saúde (DGS) “Campanha de Vacinação contra a Covid-19: Vacina Vaxzevria​” divulgada nesta quinta-feira e que actualiza o esquema vacinal desta vacina contra a covid-19.

Segundo o coordenador da Comissão Técnica de Vacinação Contra a Covid-19 da Direcção-Geral da Saúde (DGS), Valter Fonseca, o plano logístico de vacinação está já a ser adaptado a estas novas recomendações. Esta antecipação deve-se, explica, à necessidade de “mais rapidamente proteger as pessoas com a segunda dose que é aquela que vai dar protecção completa”.

“É também conhecido, sobretudo no Reino Unido, que a importância da administração da segunda dose da vacina da AstraZeneca é fundamental para conferir a máxima protecção às pessoas que estão a ser vacinadas com esta vacina, sobretudo, para fazer frente a novas variantes de preocupação como a variante Delta”, associada à Índia, salientou Valter Fonseca.

A norma da DGS publicada esta quinta-feira foi baseada nestes dados e também nos dados de que “a eficácia desta vacina mantém-se muito elevada neste intervalo entre doses”, adiantou.

Variante Delta ameaça a eficácia das vacinas

Na terça-feira, a comissária europeia para a Saúde, Stella Kyriakides, disse que estão a surgir provas que demonstram que a variante Delta do coronavírus SARS-CoV-2 “diminui a força do escudo protector” criado pelas vacinas, instando à aceleração da vacinação completa da população.

“Têm surgido provas de que as variantes — nomeadamente a variante Delta — diminuem a força do escudo protector fornecido pelas vacinas, especialmente quando a vacinação ainda não é completa. É, portanto, crucial que o maior número possível de cidadãos seja vacinado contra a covid-19, e que seja totalmente vacinado o mais rapidamente possível”, disse Stella Kyriakides.

Na norma publicada nesta quinta-feira, a DGS recomenda que, nas pessoas com 60 ou mais anos, a segunda dose da vacina da  AstraZeneca deverá ser administrada com um intervalo de oito semanas após a primeira dose.

Já nos menores de 60 anos, deverá ser administrada uma dose de vacina de ARNm — que utiliza a tecnologia ARN mensageiro, como as da Pfizer-BioNTech e Moderna — com um intervalo de oito semanas após a primeira dose de Vaxzevria​.

“Se foi administrada a primeira dose a uma pessoa que tenha estado infectada por SARS-CoV2, não deve ser administrada a segunda dose, segundo a Norma 002/2021” da DGS.

A Direcção-Geral da Saúde recomenda ainda que, se houver atraso em relação à data marcada para a segunda dose, ou se, por qualquer intercorrência, esta não puder ser administrada, ela possa ser aplicada “logo que possível”.

“Todas as oportunidades de vacinação devem ser aproveitadas para completar o esquema vacinal, respeitando as recomendações desta norma”, refere, adiantando que as pessoas que adiaram a segunda dose do esquema de Vaxzevria​, aguardando por nova recomendação da DGS, devem completar a vacinação, logo que possível, com uma dose de vacina de ARNm.

Dada a possibilidade de “uma maior reactogenicidade”, com um esquema vacinal constituído por duas vacinas diferentes, a DGS diz que poderá ser administrado paracetamol após a segunda dose.

“As pessoas com menos de 60 anos, que assim o desejem, numa base de ponderação de risco-benefício individualizada, podem completar o esquema vacinal com uma segunda dose de Vaxzevria​, desde que se obtenha o seu consentimento livre e esclarecido”, salienta.

Vacinação de mulheres grávidas ou a amamentar

Sobre as grávidas, a DGS afirma que a experiência com a utilização da vacina Vaxzevria “é limitada”.

“Estudos em animais não indicaram efeitos negativos no feto ou na grávida. Se os benefícios esperados ultrapassarem os potenciais riscos para a mulher, a vacina poderá ser considerada, por prescrição do médico assistente”, lê-se na norma publicada no site da DGS, salientando que “não é necessário evitar a gravidez após a vacinação”.

Diz ainda que se desconhece se a Vaxzevria é excretada no leite humano. No entanto, afirma, “por ser uma vacina de um vector viral geneticamente modificado sem capacidade replicativa, não é expectável a existência de efeitos adversos na criança amamentada, à semelhança das vacinas inactivadas”.

Segundo a DGS, “as mulheres a amamentar pertencentes a grupos de risco podem ser vacinadas”, não se recomendando parar a amamentação antes ou depois da vacinação.

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