Três artistas vão interagir durante um mês com território e população de Coimbra

Catarina Vieira, Romain Beltrão e Mariana Ferreira são os três artistas que passaram pelo laboratório de criação do festival Linha de Fuga e que vão agora, cada um durante um mês, interagir com o território e população de Coimbra.

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Oficina de Voz e Movimento DR/Facebook Linha de Fuga

Três artistas que passaram pelo laboratório de criação do festival internacional Linha de Fuga vão interagir, cada um durante um mês, com o território e a população de Coimbra. “O laboratório de criação que acompanha a programação do festival é a parte menos visível. São artistas de vários pontos do mundo que, durante três semanas, trabalham em criações suas que estão numa fase muito embrionária”, explicou à agência Lusa a responsável pela direcção e curadoria do festival, Catarina Saraiva.

Segundo Catarina Saraiva, “desde a primeira edição, que foi em 2018, a ideia era poder acompanhar depois algumas destas criações”. Este ano, graças ao apoio da Direcção-Geral das Artes, o Linha de Fuga conseguiu “dar a possibilidade de apoio a alguns dos projectos que começaram no laboratório”. “A ideia é a de que eles vivam na cidade durante um mês, dar tempo à criação, poder acolhê-los em continuidade”, sublinhou Catarina Saraiva, lembrando a precariedade associada aos processos de criação.

A capacidade de ligação ao território e o facto de tratarem questões pertinentes de serem discutidas motivou a escolha dos artistas Catarina Vieira, Romain Beltrão e Mariana Ferreira. “A Catarina trabalha sobre o feminismo, o Romain sobre a manipulação da linguagem e a Mariana sobre a integração de imigrantes, temas muito actuais e aos quais muitas vezes não é dada a devida importância”, considerou a responsável.

Catarina Vieira inicia no dia 21 a primeira residência. O processo de criação inclui uma oficina de voz e movimento (de frequência gratuita, cujas inscrições se mantêm abertas) destinada a dez mulheres de Coimbra, que gostem de cantar e dançar e sintam “uma urgência em dar voz às palavras silenciadas”. Durante um mês, a artista (acompanhada de Aixa Figini e Josefa Pereira) desenvolverá o projecto que se intitula As canções que cantamos contra os muros que limpamos, que consiste numa criação de cruzamento disciplinar (música e dança), inspirada na prática de grupos corais que se juntam para cantar músicas de protesto.

“O Romain vai fazer uma ligação aos estudantes do Curso Secundário de Dança do Conservatório e a Mariana vai trabalhar com a comunidade imigrante que existe em Coimbra”, acrescentou. Aos três foi pedido que, durante a sua residência, houvesse “pelo menos dois momentos públicos com a população”, que se vão concretizar numa conversa com a academia e numa apresentação informal, pública, do que foi trabalhado durante a residência.

“Sendo campos de investigação que não são só caros às artes, mas também a outras áreas, fizemos uma relação com o Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, que vai acompanhando estas residências com investigadores que também estão a trabalhar no mesmo tema, através de visões críticas que possam, de alguma forma, alimentar a criação”, explicou Catarina Saraiva.

No caso da residência artística de Catarina Vieira, a “conversa com a academia” acontecerá no dia 30. Já em Julho, a 17, será apresentado “um coro de reclamações feministas”. Romain Beltrão estará em Coimbra durante o mês de Agosto, com o projecto de performance-palestra Dobra. Em Setembro e Outubro, Mariana Ferreira desenvolverá o projecto multidisciplinar Home.

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