Coreia do Sul faz exercícios militares em ilhas reivindicadas pelo Japão

Manobras foram vistas com desagrado pelo Governo japonês e podem ser a causa para o cancelamento de um encontro entre os líderes dos dois países.

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As ilhas Dokdo, conhecidas no Japão como Takeshima NOH SUN-TAG/REUTERS

A Coreia do Sul iniciou um conjunto de exercícios militares nas proximidades de duas ilhas desertas que são reivindicadas pelo Japão. A decisão foi mal recebida por Tóquio e levou ao cancelamento de um encontro entre os líderes dos dois países.

As manobras militares decorrem perto das ilhas Dokdo, conhecidas no Japão como Takeshima, e envolvem a Marinha, a Força Aérea e a Guarda Costeira, e o seu objectivo é “responder a ameaças” ao território sul-coreano, afirmou um oficial da Marinha, citado pela agência sul-coreana Yonhap.

A realização dos exercícios representa mais um incidente para as relações entre a Coreia do Sul e o Japão que, apesar de serem aliados formais e de partilharem muitas preocupações a nível regional (sobretudo com a China e a Coreia do Norte), mantêm muitas feridas em aberto.

A origem de muitas das controvérsias entre os dois países reside na ocupação japonesa da Península Coreana durante mais de trinta anos, até ao final da II Guerra Mundial. Ainda hoje, o reconhecimento de abusos cometidos pelo Japão durante este período, como a manutenção de um sistema de escravidão sexual de mulheres coreanas – conhecidas pejorativamente como “mulheres de conforto” – é um factor de discórdia entre os dois países.

Recentemente, a Coreia do Sul tinha apresentado uma queixa junto do Comité Olímpico Internacional por causa da divulgação de material promocional pelos organizadores dos Jogos de Tóquio que mostrava um mapa com o percurso da tocha olímpica que apresentava as ilhas Dokdo /Takeshima como parte do território do Japão.

Segundo a agência Yonhap, a realização dos exercícios militares perto das ilhas – que acontecem todos os anos – foi a razão por trás do cancelamento de um encontro bilateral às margens da cimeira do G7 no último fim-de-semana entre o Presidente sul-coreano, Moon Jae-in, e do primeiro-ministro japonês, Yoshihide Suga.

Os dois líderes ainda não se encontraram pessoalmente e, segundo a imprensa japonesa, o encontro iria servir para Moon manifestar interesse em comparecer à cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Tóquio. O primeiro-ministro sul-coreano disse lamentar o cancelamento do encontro, que considerou “uma oportunidade preciosa para um novo começo no relacionamento entre a Coreia do Sul e o Japão”.

O Governo japonês negou que Moon estaria a planear estar em Tóquio para a abertura dos Jogos Olímpicos e condenou os exercícios militares sul-coreanos, considerando-os “inaceitáveis e extremamente lamentáveis”.

Desde o final da II Guerra Mundial que as ilhas Dokdo/Takeshima são controladas pela Coreia do Sul, que têm um destacamento policial no local, mas Tóquio defende que o território lhe pertence à luz do Direito Internacional.

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