Governo assinala “manifestação de confiança” da aviação em Portugal

A companhia Easyjet abre nova base operacional em Faro para ligar o Algarve às principais cidades europeias. A estratégia da TAP, diz o ministro Pedro Nuno Santos, passa pela aposta dos voos intercontinentais.

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LUSA/LUÍS FORRA

Dois ministros na cerimónia de inauguração da base sazonal de uma companhia área é um exagero? Em circunstâncias normais, a resposta é afirmativa. Porém, nos tempos que correm, a decisão da Easyjet – ao colocar três aviões em Faro para ligar o Algarve às maiores cidades europeias - foi saudada como “notícia positiva” pelo Governo.

“Uma manifestação de confiança nesta região e, sobretudo, no nosso país”, afirmou, esta terça-feira, o ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira, salientando o que acto ficou marcado pelo simbolismo, por representar “aquilo que é nossa perspectiva de abertura da economia europeia nos próximos tempos”.

A base operacional em Faro, com três aeronaves Airbus A320, vem juntar-se a mais 12 aviões da mesma companhia em Lisboa e quatro no Porto. Numa altura em que noutras áreas e noutras regiões se “recua, é um sinal de confiança no país”, destacou o ministro, dando continuidade ao tom de elogios do colega, com a pasta das Infraestruturas e da Habitação: “Não é só a abertura de uma base em Faro, é a abertura de uma base em plena pandemia, no momento em que sector da aviação recua em todo o lado”, afirmou Pedro Nuno Santos.

Entre Março e Outubro, esta companhia ligará a região algarvia a 21 rotas pela Europa.

O pontapé de saída para o optimismo dos discursos oficiais começou por ser manifestado pelo presidente-executivo (CEO) da Easyjet, Johan Lundgren. “Estamos em processo de recuperação e a abertura desta base sazonal permite responder de forma positiva à procura crescente que é esperada em toda a Europa”. A empresa estima vir a criar mais 100 empregos nos próximos meses.

Terminado o período estival, repete-se a cíclica situação do desemprego. No radar desta companhia aérea de baixos custos está o alargamento do mercado para o sul de Espanha. Recentemente, foi inaugurada uma nova base em Málaga. “Estes novos aviões vão permitir à Easyjet reforçar os mercados existentes, bem como explorar novos fluxos no futuro, que antes lhe eram inacessíveis”, enfatizou. Por outro lado, lembrou que o alargamento do transporte aéreo vem potenciar o negócio da Easyjet Holidays, “desbloqueando novos mercados que podem ser servidos a partir de Faro e de Málaga (Espanha).

Pedro Nuno Santos aproveitou ainda a ocasião para enfatizar que a empresa “tem uma excelente relação com o Estado português - uma companhia área que não tem nenhum conflito social com as organizações sindicais representativas dos trabalhadores”. O mesmo não sucede, ficou subentendido, com a Ryanair, que também tem base em Faro.

Sobre o posicionamento da TAP e de outras companhias de bandeira, afirmou: “A TAP faz em Portugal aquilo que as suas concorrentes fazem por toda a Europa - a especialização nas ligações de longo curso [voos intercontinentais]. E isso aumenta ainda mais a importância deste investimento em Faro”.

A situação periférica de Portugal, no contexto europeu, foi recordada pelo governante para referir a importância que o transporte aéreo tem na dinamização do turismo. “Em Portugal, quem quer viajar - fazer turismo – com excepção dos espanhóis que vivem perto da fronteira, só chega de uma forma: é de avião”. Por isso, rematou: “Não tenho dúvida que a operação se vai desenvolver e que é uma aposta certa”.

A partir de Faro estão anunciadas cinco novas rotas: Luxemburgo, Munique, Lille, Toulouse e Zurique. Os outros destinos já em actividade são: Amesterdão, Basileia, Belfast, Berlim Bradenburgo, Bordéus, Bristol, Genebra, Glasgow, Liverpool, Londres Gatwick, Londres Luton, Lyon, Manchester, Milão MXP, Paris Charles de Gaulle, Paris Orly.

No ano pré-pandemia (2019), a Easyjet operava em 12 rotas para Faro a partir do Reino Unido, França e Itália. Nesse período transportou mais de 1,6 milhões de passageiros. Da parte da ANA, Nicolas Notebaert, anunciou a construção da “primeira central solar num aeroporto em Portugal”. O projecto a desenvolver pela empresa fotovoltaica Sunmind, subsidiária do grupo Vinci (dono da ANA) irá permitir fornecer ao aeroporto de Faro 30% das suas capacidades energéticas.

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