Enclausurados nas marquises

Falta cumprir-se uma cidade com todos e para todos, mais igualitária e justa, onde em vez de marquises haja melhor habitação e mais bibliotecas, teatros, esplanadas ou praças.

É célebre, rico e bom jogador. Tudo o que faz ou diz é alvo de múltiplas leituras. É adulado. Mas aos olhos de muitos personifica algo que preferíamos não ver. A casa de emigrante que renegamos. A música pimba que tentamos não ouvir. O novo-rico que censuramos. A marquise que perturba a unidade do edifício. É aquilo que parte de Portugal passa o tempo a negar. O que não desejávamos que os outros vissem que somos, mas que nos constitui também. Ele sente-se único; logo, às vezes, tão incompreendido como intocável. Nem sempre é fácil ser Cristiano Ronaldo e cumprir com expectativas, apesar de os milhões fazerem parte do consolo. A riqueza permite-lhe idealizar refúgios de semelhança. Estar apenas entre pares. A luxuosa marquise é isso: forma de isolamento. O sonho de muitos. Mas apenas uma maneira melancólica de estar para quem acredita na coexistência. 

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