G7 vai dar mil milhões de vacinas a países mais pobres

Promessa será feita no comunicado final. A meta já tinha sido considerada insuficiente por organizações não governamentais e pelo secretário-geral da ONU, António Guteres.

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A meta foi criticada antes mesmo de ser anunciada. António Guterres diz que é preciso "duplicar" a produção de vacinas Ricardo Lopes

O grupo de países do G7 irá dar mil milhões de doses de vacinas contra a covid-19 durante o próximo ano, e trabalhar com o sector privado, o G20 e outros países para aumentar a contribuição nos próximos meses, de acordo com uma versão quase finalizada do comunicado da cimeira, que decorre na Cornualha, Reino Unido, obtida pela agência Reuters.

A meta dos mil milhões de doses ao longo do próximo ano já tinha sido referida e tida como insuficiente por várias organizações não-governamentais, e também pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, que apelou a um plano para duplicar a capacidade de produção mundial das vacinas. “Para derrotar o vírus e poder impulsionar as nossas armas contra o vírus, e a mais importante dessas armas é a vacinação, (…) precisamos de agir com lógica, com sentido de urgência e com as prioridades de uma economia de guerra”, declarou.​

“Se o melhor que os líderes do G7 conseguem é doar mil milhões de doses, então esta cimeira foi um falhanço”, disse, antes do anúncio deste domingo, a responsável pela política de saúde da britânica Oxfam, Anna Marriott, citada pela estação de televisão pan-árabe Al-Jazeera. Mil milhões de doses estão muito longe do número que é actualmente necessário, disse, que são 11 mil milhões.

Marriott insistiu ainda que “o G7 devia quebrar o monopólio das farmacêuticas e insistir que a ciência atrás da vacina e o know-how sejam partilhados com fabricantes qualificados pelo mundo”, lembrando que os Presidente dos EUA, Joe Biden, e francês, Emmanuel Macron, já apoiaram o levantamento das patentes das vacinas contra a covid-19. “Os outros países do G7 deveriam seguir este passo”, defendeu.

Também Alex Harris, da Wellcome Trust, uma organização não-governamental britânica dedicada à investigação médica, disse que este é “um passo na direcção certa, mas não é suficientemente longo, nem suficientemente rápido”, declarou, também à Al-Jazeera. “O mundo precisa de vacinas agora, não mais tarde este ano.”

No rascunho do comunicado, o G7 diz que as doações são conseguidas com exportações de produção doméstica com pelo menos 700 milhões de doses exportadas ou a serem exportadas este ano, das quais pelo menos 50% foram para países que não pertencem ao G7.

O grupo acrescentou, no texto, que tem “um compromisso para continuar a exportar em proporções significativas”, e promoverá ainda “a produção global do sector sem fins lucrativos, que tem até agora representado 95% da oferta da Covax”, a aliança de vacinas para os países com menos recursos.

A Covax tem como objectivo assegurar dois mil milhões de doses para países com menos rendimentos até ao final de 2021.

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