Verdes unem-se em torno de Baerbock como candidata a chanceler da Alemanha

Partido ecologista alemão regista descida nas sondagens mas mantém-se em segundo. Baerbock critica UE por ter obrigado Portugal e Grécia a vender partes chave de infra-estruturas.

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Annalena Baerbock recebeu 98,5% dos votos dos delegados do congresso dos Verdes Sean Gallup/EPA

A candidatura de Annalena Baerbock a chanceler pelos Verdes foi este sábado confirmada pelo partido num congresso ainda não presencial por causa da pandemia da covid-19. Baerbock recebeu 98,5% dos votos numa altura em que um chamado “melhoramento” no seu currículo e valores decrescentes nas sondagens dominam as notícias sobre os Verdes na Alemanha.

No discurso, Baerbock falou de alguns temas que lhe são caros, como a necessidade de independência da Europa em relação à China e uma crítica às políticas europeias em relação a países do euro em dificuldades que teve influência nesta dinâmica. “Temos de nos assegurar de que somos independentes dos interesses estatais chineses em relação a infra-estrutura essencial”, declarou. “Deixámos, juntos, que a Grécia e Portugal vendessem partes fundamentais do seu país. Isso não pode voltar a acontecer”, criticou.

O lugar central da Europa na política alemã foi também de novo referido: “A política externa alemã tem sempre de ser europeia. E o contrário também: sem o país mais industrializado, não haveria Europa capaz de representar os seus valores e interesses como potência no século XXI.”

A necessidade de lutar contra as alterações climáticas e de descarbonizar a economia sem esquecer que a indústria do carvão é parte não só do ganha-pão como da identidade de muitas regiões também foi mencionada. Mas a transição para uma economia social verde é central para a prosperidade da Alemanha no futuro, defendeu novamente a candidata dos Verdes.

Antes da votação, os delegados pediram que o programa eleitoral do partido inclua melhoria nas condições sociais. No entanto, foi chumbada uma moção para incluir a semana de 30 horas no programa eleitoral.

Os Verdes querem, no entanto, substituir o subsídio de desemprego conhecido como Hartz IV, criado pelo governo em que participaram sob o chanceler Gerhard Schröder, que obriga quem o recebe a uma série de acções (enviar currículos, não receber dinheiro na conta, etc) por uma prestação “sem sanções burocráticas”. O partido quer ainda aumentar o salário mínimo para 12 euros por hora (é de 9,60 a partir de Julho).

A política externa do partido ia ser o tema das discussões do terceiro e último dia do congresso, este domingo.

A confirmação de Baerbock acontece quando o partido desceu nas sondagens, depois de ter brevemente ultrapassado a CDU/CSU (centro-direita) quando foi anunciado que Baerbock seria a candidata a chanceler, na primeira vez que o partido indicou uma pessoa para o cargo.

A sondagem mais recente dá agora 21% aos Verdes e 26% à CDU (Emnid, divulgada na sexta-feira), quando antes tinham chegado a atingir 28% nas sondagens. Ainda assim, era esperado um reajuste, e os números das intenções de voto continuam muito acima dos 12,6% das eleições de 2017, que deixaram o partido com o menor grupo parlamentar de todos os partidos que entraram no Parlamento.

Baerbock agradeceu “toda a solidariedade” do partido depois de semanas de falhas e erros que estão a reflectir-se nas sondagens, incluindo num “embelezamento” do CV da candidata e no atraso em comunicar um bónus que recebeu do partido nas contas que tem de apresentar ao Parlamento.

O partido teve, ainda, no entanto, boas notícias: o número de militantes dos Verdes é neste momento de 117 mil pessoas, o que é quase o dobro dos inscritos no partido antes das eleições de há quatro anos.

Notícia corrigida às 18h05: o número mais alto dos Verdes nas sondagens foi de 38% e não de 138%

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